PoSAT-1 no espaço há 32 anos

O primeiro satélite português, o PoSAT-1, com 50 quilogramas e 58 centímetros, foi lançado a 25 de setembro de 1993 pelo consórcio de empresas e universidades, da responsabilidade do físico e doutorado em Engenharia Eletrónica Fernando Carvalho Rodrigues, conhecido como o “pai” do satélite português.

O PoSAT-1 está em fase descendente, ultrapassou a sua esperança prevista de vida (apesar de incomunicável desde 2006). Deverá desintegrar-se em 2043.

Os satélites oferecem uma tecnologia complementar aos cabos submarinos, ou seja, tendem a cobrir a conectividade em regiões onde os cabos submarinos não conseguem responder, como áreas remotas, zonas rurais, regiões montanhosas, entre outras.

A 4 de outubro de 1957, a União Soviética marcava o início da corrida espacial, com o lançamento do satélite Sputnik 1, demorando 98 minutos a ser colocado numa órbita elíptica ao redor da Terra. Um mês mais tarde, o Sputnik 2 levava pela primeira vez um ser vivo, a cadela Laika.

Em 1958 foi a vez dos Estados Unidos colocarem em órbita um satélite artificial, o Explorer I, seguido do SCORE, o primeiro equipamento de retransmissão do sinal de comunicação, que transmitiu uma mensagem de volta para a Terra.

Seis anos mais tarde, foi possível utilizar um satélite de comunicação durante os Jogos Olímpicos de Tóquio para transmitir, em direto, imagens do evento para outros continentes (a 35.786 km de altitude, sobre o Pacífico) — um marco na história da televisão e das telecomunicações.

Desde então, o lançamento de satélites ao espaço continuou a crescer em todos os continentes, impulsionando o mercado de comunicações globais.

Criaram-se consórcios internacionais de telecomunicações via satélite, o Intelsat, fundado em 1964 pelos EUA e países ocidentais (Portugal, através da Marconi, juntou-se em 1971), e o Intersputnik, fundado pela URSS e países socialistas em 1971.

A União Internacional de Telecomunicações (UIT), tem sido a entidade responsável pela gestão do espaço, com a missão de evitar conflitos de posição entre diferentes satélites e interferências de sinais.

Em Portugal, em 2009, o atelier Acácio Santos / Elizabete Fonseca criava para os CTT os selos «EUROPA – Ano Internacional da Astronomia».

Entretanto diversas universidades portuguesas foram criando cursos de engenharia aeroespacial, e em 2019 foi fundada a Agência Espacial Portuguesa.

O segundo satélite português, o Aeros MH-1, foi lançado em 2024 de uma base na Califórnia, a uma distância de 510km da superfície terrestre, tem a função de “vigiar” o Atlântico – observar a biodiversidade marinha e a evolução da temperatura marítima face às alterações climáticas – e emitir as informações para o centro de comando na Ilha de Santa Maria (Açores).

Depois do Aeros MH1 (Universidades de Aveiro, do Minho e do Algarve), foi a vez do ISTSat-1 (2024, Instituto Superior Técnico de Lisboa), e entre outubro de 2024 e 2025 uma constelação de doze satélites VDES, pela empresa portuguesa LusoSpace. Em 2025 foram lançados mais dois satélites, o PoSAT-2 e o Prometheus-1, ambos em janeiro.

Também este ano, o operador português MEO testou com sucesso, numa área remota da Ilha de São Miguel, o envio de uma mensagem e a realização de uma chamada recorrendo a satélites de órbita terrestre baixa, com recurso à tecnologia inovadora Satellite Direct-to-Device (D2D), que permite a conectividade direta entre dispositivos móveis através de satélites. Em cenários de crise ou de desastres naturais esta tecnologia poderá ser muito útil para assegurar a conectividade de redes móveis.

No futuro, os satélites e os cabos submarinos seguirão interdependentes: os satélites garantirão cobertura e flexibilidade, enquanto os cabos continuarão a suportar grandes volumes de dados com alta velocidade e estabilidade.

Saiba mais sobre conectividade na exposição “Cabos Submarinos” patente no Museu das Comunicações.

 

 

Créditos / Imagem

Atelier Acácio Santos / Elizabete Fonseca «EUROPA – Ano Internacional da Astronomia», 2009. SelosColeção CTT Correios de Portugal à guarda da Fundação Portuguesa das Comunicações. Todos os direitos reservados.