Page 79 - Comunicar na Republica

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I República – Liberdade em ação
A segurança e a conferência de Londres
Em 1913 realizou-se a Conferência de Londres para a
Segurança no Mar. A utilização da telegrafia sem fios
foi o tema privilegiado neste evento que caracteriza
os novos tempos da regulamentação da segurança
marítima.
Guglielmo Marconi começa por se interessar em
relação ao caso português passando três vezes por
Portugal. Era necessário agir com mais celeridade na
cobertura radiotelegráfica.
O primeiro acordo entre o governo de Portugal e a
companhia Marconi`s Wireless Telegraph Company
Limited foi amplamente debatido na Câmara dos De-
putados e no Senado, antes de ser promulgado pelo
presidente da República. Estávamos em pleno verão
de 1912, porém encalhou com o ambiente tenso do
tempo de pós-revolução e acabou por não ser cum-
prido.
Entretanto surgiu a Primeira Grande Guerra a que a
jovem República fez questão de aderir, quer para se
credibilizar no contexto das nações, quer como medi-
da preventiva para posteriormente poder usar de força
reivindicativa em relação à defesa da integridade do
território, compreendendo as colónias ultramarinas.
Como as guerras se ganham essencialmente com or-
ganização e equipamento militar, incluindo o de te-
lecomunicações, Portugal apresentou então algumas
evoluções, quer para o desenvolvimento da rede he-
liográfica, fabricando heliógrafos, lanternas de sinais
e aparelhos combinados de fonia e grafia.
A lanterna de sinais Morse
Era especialmente utilizada de noite quando ou-
tras formas de telecomunicação não tinham regular
aplicação durante o dia. A sua utilização em meios
militares pressupõe que o inimigo não tem acesso à
geiras. Esta política foi manifestada no último quartel
do século XIX pelo ultimato inglês e o consequente
mapa cor-de-rosa português.
A resposta implicava que Portugal investisse nas me-
lhores comunicações para o Ultramar e Ilhas Adja-
centes. Por altura dos finais da Monarquia foram da-
dos passos concretos no sentido de instalar um novo
sistema tecnológico de telecomunicações, via TSF.
Os estudos e acordos com Marconi acabariam por
ser prosseguidos pelos governos da I República e se-
guintes.
Um centenário
Em 2010 fez um século que: «Neste local esteve ins-
talado o primeiro posto radiotelegráfico que existiu
em Portugal. Com a designação de: “Posto Radiote-
legrafico do Arsenal da Marinha” (AM – CFR) entrou
em funcionamento em 16 de Fev. 1910. Fez Serviço
Oficial e Serviço Público Móvel-Marítimo» (placa
comemorativa no interior do edifício do Arsenal da
Marinha – Rua do Arsenal, Lisboa).
Começara oficialmente em Portugal a era das radio-
transmissões. Entretanto dá-se a mudança do regi-
me. O desastre do navio
Titanic
em 1912 veio alertar
todos os países com marinha para a necessidade de
investir na introdução, desenvolvimento e regula-
mentação das radiocomunicações.
Graças à TSF, praticamente ainda sem regulamenta-
ção e apenas usando a onda longa, o sinal SOS (
Save
Ours Souls,
«Salvem as Nossas Almas») emitido no
Titanic
foi ouvido pelo navio
Carpathia
que estava a
quatro horas de distância. Com um gesto de grande
humanidade a tripulação do
Carpathia
conseguiu sal-
var mais de 700 pessoas na noite fatídica em que o
Titanic
submergiu. Este acontecimento trágico e, si-
multaneamente, de grande altruísmo conseguiu que
a tripulação, técnicos e TSF ficassem indelevelmente
nas páginas da História.
Titanic.
Lanterna de sinais Morse.
FPC