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I República – Liberdade em ação
no de onda curta. Portugal ficou, assim, com uma das
redes de comunicações de TSF mais extensas e mais
modernas da época, a nível mundial.
Primórdios da navegação aérea
Portugal apostou desde cedo na navegação aérea,
tendo as primeiras experiências históricas sido efe-
tuadas no século XVIII, por Bartolomeu Lourenço de
Gusmão.
Estas experiências tiveram lugar em Lisboa no ano
de 1709. Algumas marcas deste feito encontram-se
numa estátua a Bartolomeu de Gusmão, abraçando
a «passarola voadora», estátua esta situada junto ao
Museu da ANA – Aeroportos e Navegação Aérea, à
entrada do Aeroporto da Portela, Lisboa. No interior
deste aeroporto podemos igualmente apreciar ima-
gens e descrições relativas às experiências de Gus-
mão que anteciparam em 74 anos as iniciativas de
voo dos irmãos Montgolfier. Na altura o rei D. João V
ficou impressionado, tendo reconhecido os trabalhos
de Lourenço de Gusmão através dum alvará.
Por questões relacionadas com a censura (Inquisi-
ção), Gusmão foi impedido de continuar o desenvol-
vimento das suas investigações científicas e técnicas.
Não obstante, o desenho do aeróstato foi divulgado
pela sociedade científica e cultural da Europa.
Já no século XX este evento redespertou o interesse
na poesia e na música de António Gedeão (nome de
batismo Rómulo de Carvalho) e Manuel Freire no cé-
lebre poema-canção
Pedra Filosofal
em que o tema é
a ciência, inclusivamente a «passarola voadora». No
célebre romance histórico do escritor José Saramago,
o episódio da «passarola» passou para o
Memorial do
Convento
.
A primeira travessia do Atlântico Sul
Portugal-Brasil
No século XIX não se vislumbrava ainda o que iria
ser a navegação aérea e de que meios auxiliares pre-
cisaria para realizar os voos de média e longa dis-
tância. Porém, no início do século XX, Marconi pôs
em prática a tecnologia inovadora de comunicação
radioelétrica sem fios que viria ser a grande aliada da
navegação aérea e marítima.
A I República beneficiou de técnicos audazes capazes
de realizarem prodígios na aviação a longa distância.
O pioneirismo da travessia do Atlântico Sul, rumo ao
Brasil, foi realizado em 1922, altura em que a I Repú-
blica e os portugueses fizeram todos os esforços para
presentear a comunidade portuguesa no Brasil, e o
visibilidade dos sinais. Em caso de dúvida, as mensa-
gens consideradas de importância para a segurança
podem recorrer aos sinais criptografados.
De novo Guglielmo Marconi
Entretanto acaba a guerra e chega-se a 1920, altura
em que Guglielmo Marconi visita Portugal para a for-
mulação de um novo contrato cuja aplicação acabou,
mais uma vez, por se arrastar no tempo. Os atrasos
na aplicação dos contratos viriam a ser de grande
vantagem para Portugal no sentido em que evitou
instalar uma rede com equipamentos de onda longa e
com fraca potência, gastando recursos para duvidosa
utilidade.
Durante o tempo de indecisão ou da impossibilidade
de iniciar a instalação dos equipamentos, a TSF evo-
luiu muito, até que Marconi pôs em funcionamento
um novo equipamento – o sistema Beam de emissão
e receção de ondas curtas por feixes. Este sistema
permitiu funcionar até grandes distâncias, ao contrá-
rio da onda longa que, durante o dia, apenas alcança-
va escassos quilómetros.
Os representantes da I República debateram o assun-
to TSF com profundidade e assinaram dois acordos,
cuja entrada em funcionamento acabaria por se veri-
ficar já no tempo da Ditadura Militar, em 1926.
O arrastar do processo permitiu, além das evidentes
melhorias técnicas, que a versão final do segundo
acordo com Marconi fosse realizado com um novo
interlocutor – a Companhia Portuguesa Rádio Mar-
coni, que viria a desempenhar relevantes serviços
nas comunicações entre Portugal continental, ilhas
adjacentes, colónias/províncias ultramarinas, Orien-
te, Américas e alguns países da Europa.
Assim, em 15 de dezembro de 1926 inaugurou-se o
serviço radioelétrico de TSF, não com um, mas com
dois sistemas, o tradicional de onda longa e o moder-
Companhia Portuguesa Radio Marconi.