78
I República – Liberdade em ação
o espaço hoje reservado para a futura reinstalação do
Museu dos Coches, em Belém. Com a necessidade
crescente de fabrico de materiais ligados ao Exército
e à guerra, estas oficinas expandiram-se para Braço
de Prata (Lisboa) onde foi instalada a FMBP – Fábrica
Militar de Braço de Prata, posteriormente designada
apenas por FBP – Fábrica de Braço de Prata.
TSF – Telegrafia sem fios.
De experimental à aplicação prática
O século XIX assistiu a várias experiências no campo
da física e da eletricidade. Os conhecimentos resul-
tantes foram aplicados na telegrafia e na telefonia.
Em relação à TSF, a primeira patente foi registada em
1896, seguida das primeiras construções de estações
terrenas e em embarcações. Até aí, os recetores eram
praticamente experimentais e o alcance geográfico
entre o emissor e recetor era de curtas distâncias.
Em Portugal as experiências foram muito precoces e
de tal modo convincentes que o Governo pediu um
parecer à Comissão de Telégrafos Militares (abril de
1901) a fim de preservar o monopólio deste novo sis-
tema de telecomunicações.
Em 1898, ainda Marconi fazia experiências quando
nos
Anais do Clube Militar Naval
foram publicadas no-
tícias sobre o sistema radioelétrico. Estas notícias in-
cluíram-se na linha que levou o então tenente da Ma-
rinha Carlos Viegas Gago Coutinho a registar duas
patentes, sobre as quais o autor se expressa:
«É por este meio possível (...) evitar nas linhas terrestres
o emprego de relais intermediários e de fortes pilhas
no telegrafo submarino o emprego de siphon-recorder
ou do galvanômetro (...). Com este systema é possível
alcançar, tanto pelo telegrafo aereo como pelo te-
legrafo submarino as maiores distancias sem o
emprego de aparelhos especiaes de grande
sensibilidade (...) Há portanto grande eco-
nomia e vantagens d`este systema de
telegrafia electrica.» (Reivindicações
no requerimento de patente n.º
3444, por Carlos Viegas Gago
Coutinho ao MOPCI – 2.ª Sec-
ção da Prepriedade Industrial).
O contexto internacional es-
tava em mudança. Os terri-
tórios de além-mar desper-
tavam apetites às potências
estrangeiras. Esta política foi
Foi popularmente chamado de «máquina de costu-
ra», «torre Eiffel» e até de «esqueleto» por apresentar
quase todas as peças à vista, sem qualquer caixa. Foi
o telefone mais utilizado até aos anos 50, altura em
que a expansão da rede e a construção de modelos
em baquelite, fabricados em série, ganharam novos
adeptos.
Decididamente a era do plástico e da massificação
começava a ganhar terreno. O modelo era decorado
pelo processo de decalcomania. A chamada do inter-
locutor deixou de ser feita por corrente contínua que,
além de ser fraca, gastava muito as pilhas, passando
a chamada a ser feita por gerador manual de corren-
te (magneto). Após a chamada do destinatário a co-
municação passava para o processo de energia com
base em pilhas.
Telégrafo de campanha
Construído pelas OGME –Oficinas Gerais deMaterial
de Engenharia do Exército no âmbito da inf luência da
Primeira Guerra Mundial, onde terá sido utilizado, era
constituído por uma chave, também conhecida pela
designação de manipulador ou transmissor Morse e
por um dispositivo de receção telefónico.
Trata-se de uma inovação sem precedentes a nível
nacional e tudo parece indicar, também, a nível in-
ternacional pela sua aplicação de transmissão te-
legráfica com dispositivo de receção de sinais em
formato de fonia. A pequena dimensão, o peso redu-
zido e a facílima portabilidade são outros fatores de
valorização.
O equipamento militar de comunicações e armamen-
to era construído nas OGME – Oficinas Gerais de Ma-
terial de Engenharia do Exército, que também utilizou
Telégrafo de campanha OGME.