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Ditadura Militar e Estado Novo – Liberdade adiada
to investimento que não poderia suportar para termi-
nar o projeto e para o divulgar.
Se no «telégrafo duplo» o seu projeto não atingiu o
esperado foi, ao que tudo parece indicar, por força de
uma outra inovação, desta feita, francesa com o «te-
légrafo quádruplo Baudot». Inventado este telégrafo,
já não havia vantagem em prosseguir com o conceito
de telégrafo duplo.
A aplicação do saber iniciado por António dos Santos
foi, especialmente, canalizado para o «regulador de
tensão e velocidade» do sistema de «telegrafia simul-
tânea» Baudot. A investigação iniciada na Casa Pia
não foi de todo despicienda, já que a ideia e o de-
senvolvimento técnico de António dos Santos aliada
aos contributos do engenheiro Cassiano de Oliveira
e ao inspetor Francisco Mendonça (Oficinas Gerais
dos CTT – Lisboa) bem como ao aperfeiçoamento e
divulgação pelo construtor L. Doignon (Paris) con-
seguiram tornar funcional com ótimos resultados o
primeiro sistema de telegrafia simultânea.
TSF – Telegrafia sem fios
Recetor e emissor radiotelegráfico Marconi
A partir da aplicação de válvulas (triodo de Lee de
Forest, 1908) a TSF pôde alcançar maiores distâncias,
nomeadamente nas comunicações transcontinentais.
Sala de tratamento de mensagens
radiotelegráficas
Cerca de 1930, em Nova Iorque, onde pode ver-se a
sinalética de territórios de expressão portuguesa.
A primeira telegrafia simultânea
com inovação luso-francesa
Vimos na secção da I República que a aplicação da
importante inovação nos telégrafos tipo Hughes e so-
bretudo nos de tipo Baudot se verificou já no tempo
da Ditadura Militar e da II República. As ideias foram,
de facto, arrojadas. Envolveram muita investigação, a
avaliar pelo estudo que o casapiano e 3.º oficial dos
CTT António dos Santos nos deixou, bem como mui-
Telégrafo/telefone de campanha.
Telégrafo quádruplo sistema Baudot com regulador de
Doignon, Mendonça e Oliveira.
Radiodifusão
De amadora a oficial
As primeiras emissões organizadas de rádio amador
utilizaram o indicativo P1AA. Nesta altura, a atribui-
ção de indicativos já demonstrava uma atividade com
certa regularidade. A estação «P1AA – Rádio Lisboa»
contribuiu para o nascimento da primeira associação
portuguesa de radioamadores – a «Rádio Academia»
que, por sua vez, viria a participar na origem da Rede
dos Emissores Portugueses.
Abílio Nunes dos Santos foi um dos precursores que
pôs em prática emissões de rádio com caráter de
«serviço público», em 1924. Primeiro utilizou o indi-
cativo «P1AA – Rádio Lisboa». Alguns meses após,
mudou a designação para «P1AA – Rádio Portugal».