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Ditadura Militar e Estado Novo – Liberdade adiada
Algarve, homem de Miranda do Douro e mulher dos
Açores
(imagem 6)
.
3) As comemorativas do XXV Ano da Revolução
Nacional, de 1951, do 40.º Aniversário da Revolução
Nacional, de 1966, com desenhos, respetivamente, de
Domingos Rebelo e de Paulo Guilherme.
As comemorações do 28 de maio de 1926 tiveram
lugar ao longo do Estado Novo com manifestações,
sessões públicas, desfiles e congressos em Lisboa e
nas várias cidades de província destinadas a afirmar
as grandes certezas da Revolução Nacional. O 12.º e
o 13.º aniversário da revolução agregaram a juven-
tude através da Mocidade Portuguesa, num vasto
acampamento em Palhavã, e os desfiles na Avenida
da Liberdade contaram com a presença de Salazar
e de Carmona. As comemorações do ano da última
emissão filatélica, 1944, decorreram em Braga com a
presença de Salazar.
4) A comemorativa do 30.º Aniversário da Obra das
Mães pela Educação Nacional, 1968, com desenho
da pintora Maria Keil, com uma mão adulta que se
estende para uma mão de criança. A Obra das Mães
pela Educação Nacional (OMEN) foi uma organiza-
ção estatal de mulheres do Estado Novo, criada em
1936, para «estimular a acção educativa da família»,
«assegurar a cooperação entre esta e a Escola» e
«preparar melhor as gerações femininas para os seus
futuros deveres maternais, domésticos e sociais».
5) O do Plano de Educação Popular, de 1954, com
desenho alegórico de Cândido da Costa Pinto, repre-
senta o modo como o salazarismo conseguiu impor a
escola, durante a década de 1930, como uma institui-
ção que veiculava conhecimentos teóricos e práticos,
mas sobretudo como uma instituição que transmitia e
Dentro deste propósito de apresentar os artistas e as
obras marcantes do Estado Novo merecem destaque,
pelo seu significado simbólico, no cumprimento da
política do espírito e de reeducação do povo portu-
guês, as seguintes emissões filatélicas que comemo-
ram ou assinalam efemérides:
1) A comemorativa do 1.º Congresso de Ciências
Agrárias, em 1934, e a comemorativa do 3.º Congres-
so Nacional de Pesca, em 1951.
Estes setores são valorizados pela propaganda do Es-
tado Novo enquanto ligados às primeiras e principais
fontes da riqueza da nação, desde tempos imemoriais.
Os trabalhadores agrícolas e os pescadores eram
apresentados como exemplos nobres ligados à raça
lusitana como forma de valorização relativamente à
atividade industrial. A população agrícola em 1950
constituía quase metade da população (48 por cento)
e em 1960 tinha diminuído apenas para 42 por cento,
devido à industrialização, urbanização e emigração.
2) Dentro desse mesmo espírito de enobrecimento
das figuras do povo destacamos a primeira emissão
«Costumes Portugueses», de 1941, com a apresenta-
ção dos pitorescos e tradicionais costumes e trajos
populares com desenhos de Raquel Roque Gamei-
ro – nas figuras da mulher da Nazaré, a tricana de
Coimbra, o saloio dos arredores de Lisboa, a peixeira
de Lisboa, a vianesa, o campino do Ribatejo e a cei-
feira do Alentejo; e de Álvaro Duarte de Almeida – a
mulher de Olhão, a mulher de Aveiro, a mulher da
Madeira; e a segunda emissão de «Costumes Portu-
gueses», de 1947, com desenhos de Maria de Lourdes
de Melo e Castro, representando as figuras de mulher
do Caramulo, mulher de Malpique, homem de Mon-
santo, mulher de Avintes, mulher da Maia, mulher do
Emissão base «Costumes Portugueses»: mulher da Nazaré, por Raquel Roque Gameiro e mulher de Olhão,
por Álvaro Duarte de Almeida, 1941.
Imagem 6
FPC