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vistoso cortejo fúnebre desde o Palá-
cio das Necessidades para a Igreja de
S. Vicente de Fora no dia 8 de Feverei-
ro, onde foram objecto das derradei-
ras e protocolares cerimónias de Esta-
do. Dois dias depois os corpos foram
depositados no Panteão dos Bragan-
ças, no edifício contíguo à igreja, onde
ainda se encontram. Mais tarde, o
corpo do último rei de Portugal e o da
rainha D. Amélia, foram fazer compa-
nhia aos seus familiares assassinados
no Terreiro do Paço no mesmo Pan-
teão Real (em 1932 e em 1951). Poucos
dias depois dos funerais da realeza
na Igreja de São Vicente de Fora, tive-
ram lugar em 12 e 15 de Fevereiro as
inumações dos regicidas, no cemitério
do Alto de São João. Alfredo Costa e
Manuel Buíça foram ali alvo de gran-
des romagens de carbonários e partidários da República.
O regime monárquico bem tenta, durante o ano de 1908, ajustar-se
à situação de uma pretensa «acalmação» e recorre à propaganda
que enaltece imagens de bonomia e de popularidade do jovem rei.
Poucos dias depois do atentado regicida do Terreiro do Paço,
D. Manuel II recebe no Paço das Necessidades familiares de mari-
nheiros que se tinham revoltado em 1906 e foram amnistiados, e
depois revoga os decretos ditatoriais que haviam «liquidado» os
adiantamentos à casa real, marca eleições gerais para 5 de Abril e
convoca o Parlamento a eleger para 29 de Abril.
cial da escolta que logo de seguida ata-
cou Buíça. Na confusão foi atingido um
inocente que assistia à passagem do
cortejo. Sabe-se que outros tiros, dis-
parados pelos restantes carboná-
rios, alvejaram a carruagem que ficou
crivada de balas, tendo o príncipe
D. Manuel e o cocheiro sido atingidos,
ficando feridos. No final desse trágico
dia é conhecida a proclamação de
D. Manuel II ao País, onde se confirma
a via constitucional,para no dia seguin-
te o Conselho de Estado, que foi presi-
dido pelo novo monarca e onde teve
lugar o marquês de Soveral
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,
reco-
mendar uma política de «acalmação»,
tendo indicado para o cargo de pri-
meiro-ministro uma personalidade inde-
pendente e conciliadora, o almirante
Ferreira do Amaral
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.
Pouco depois João Franco parte para o exílio, são revogadas as leis
repressivas do franquismo (imprensa, juízo de instrução e deporta-
ção), amnistiados alguns crimes do foro militar, entre eles os motins
de 1906, e os dirigentes republicanos são libertados da prisão, entre
eles Afonso Costa e outros implicados na tentativa de golpe ocorri-
da no mês de Janeiro. O novo rei, num gesto apaziguador e recto,
declarou recusar qualquer dotação orçamental sem a necessária
aprovação parlamentar.
Como seria de esperar os funerais e manifestações envolventes tes-
temunharam empatias diferentes: D. Carlos e D. Luís Filipe foram em
D. Manuel, pintura a óleo de Medina, sala de leitura do Palácio de Vila Viçosa.