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bilidade. Assim, nos anos seguintes, 2000/2004, a Internet foi vista
apenas como uma extensão do negócio como já era realizado. A acti-
vidadena Internet evoluiuparauma formaondeas companhias a viam
simplesmente comomais um canal de distribuição,de publicidade ou
uma plataforma onde os consumidores podiam preencher formulá-
rios ou o que fosse.A«Nova Economia»ou«EconomiaDigital»quase
que desaparecemdo vocabulário e houvemmesmo que declarasse o
seu óbito. No entanto, o que hoje vemos são as organizações esco-
lherem formas de trabalhar que estãomuitomais próximas da versão
original da Internet como um meio que é genuinamente
peer-to-
-
peer
,
integrada de forma flexível, e potenciadora de várias formas
de interacções. Na opinião de Philip Evans, vice-presidente sénior do
Boston Consulting, co-autor do livro
Blown to Bits
, «
o grande passo
em frente não é a tecnologia em si - os blogues, etc. são fantásticos,
mas tecnologicamente são menores -, mas sim uma das novas per-
cepções ou a forma como as pessoas identificam novas possibilida-
des, e podem ter vontade de investir nelas». Com efeito, esta pare-
ce ser mesmo a grande ideia transversal que define a Web 2.0: uma
forma de trabalhar mais descentralizada e colaborativa, menos hie-
rarquizada e concentrada, em que os utilizadores, a partir das ferra-
mentas tecnológicas disponíveis,passama controlar os processos,criam
os ambientes de trabalho e funcionamento mais adequado à sua
função e necessidades. Para Philip Evans, «estamos a encorajar a
colaboração emgrande escala, estamos a dar aos utilizadores o con-
trolo sobre um recurso, e ao partilhar esse controlo acabamos por
promover a confiança entre os participantes e a comunidade».
Mas se não foram verdadeiramente os avanços tecnológicos, o que
mudou efectivamente? Na opinião de RossMayfield,o CEO da
Social-
text
,
uma
startup
que desenvolve
wikis
, «
passámos muito tempo a
desenvolver infra-estruturas físicas, e agora temos de desenvolver a
conjunto de tecnologias novas que possibilitamnovas formas de inte-
ractividade comas aplicações
online
e, por outro lado,«o que é real-
mente novo é o que as pessoas estão a fazer com tecnologia»,apon-
tando o caso das aplicações como o
Google Maps
que permitiram às
pessoas novas formas de trabalhar. «Mas quando dizemos que é
uma nova Internet, quero dizer que há um vigor renovado. E isso vai
levar a uma maior criatividade». Na opinião desta especialista, «as
novas aplicações são leves, têm uma função única e estão focaliza-
das num problema específico ou na interacção. Quando se combina
essa tendência comprogramadores criativos,que começama ter aener-
gia e o conhecimento para recombinar tecnologias, não se obtém o
crescimento explosivo dos anos noventa,mas consegue-se algomais
relevante. Não consigo prever exactamente o que vai ser,mas vejo o
potencial para as empresas mudarema forma como pensam sobre o
desenvolvimento e implementação de tecnologias». Na sua opinião,
quando se combinamaplicações como os blogues,
wikis
e
RSS
e se colo-
ca uma componente interactiva, constrói-se uma visão diferente da
e para a Internet, para a partilha do conhecimento e para a gestão.
E deixa uma pergunta: «O que tem de mudar no negócio quando se
deixa os utilizadores tomarem controlo sobre a sua própria expe-
riência?»
No entanto, se olharmos para trás para os visionários e pioneiros da
Internet, aWeb 2.0 não é coisa nova, na sua essência. O que se pas-
sou foi a convergência no tempo entre um conjunto de novas tecno-
logias revolucionárias com a aprendizagem do período da bolha.
Então,entre os finais do século passado e início do novo século,amen-
sagemerade que as organizações tinhamque ser rapidamente
eCom-
panies
,
sob pena de não sobreviverem. A novidade, a ausência de
tecnologias maduras, a impreparação das empresas e a crise econó-
mica que se instalou nesse período, acabaram (adiaram) essa possi-