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que hoje se coloca é saber se aWeb 2.0 será tudo aquilo que os seus
arautos e promotores prometem: uma revolução completa e total na
forma de comunicar, informar, relacionar e fazer negócio.
Neste quadro, será exagerado considerar aWeb 2.0 um«Admirável
Mundo Novo», como Aldous Huxley, no seu livro com o mesmo nome
escrito nos ano 30 do século XX, conduzindo cada vez mais a uma
sobreposição entre o mundo físico e o mundo virtual, e chegar ao
ponto de questionar a forma como se materializam as interacções
humanas e a identidade de cada pessoa? Qual será a verdadeira iden-
tidade? A entidade que «circula»naWeb,nomundo digital, ou a que
vive no mundo físico? Além do impacto a este nível, a Web 2.0 traz
novos modelos de negócio e abre ummundo de oportunidades aos
mais diferentes sectores de actividade e à forma como os profissio-
nais podempotenciar a utilização daWeb, desde logo os
markeeters
.
Oportunidades e negócios
No mundo dos conteúdos, há quem acredite que aWeb 2.0 é uma
revolução completa e que a televisão generalista, tal e qual a
conhecemos, vai desaparecer, que a redução do poder das distri-
buidoras passará para as mãos dos criadores de conteúdos que
gerem tudo quanto tem a ver com a distribuição, promoção e ges-
tão das receitas, e que a publicidade perderá importância face
ao
marketing
e este, por sua vez, tornar-se-á menos importante
do que as relações públicas. Contudo, antes desta transformação
ser concretizada, existem algumas barreiras que é necessário der-
rubar. Por um lado, os utilizadores não estão muito habituados a
pagar pelos conteúdos e, por outro, a noção de direitos de autor
não é muito clara para todos os utilizadores e deve ser revista em
matéria de legislação. Neste panorama, novos desafios se colocam
também aos produtores. Se no modelo anterior o financiamento
net, que exige uma filosofia nova de pensar a Web. Estamos assim
perante uma vertente colaborativa muito mais rica que uma simples
descoberta individual e fechada. A
Web
não serve só para consulta,
divertimento, comunicação, informação, transacção,mas serve para
tudo isto,realizado de uma forma interactiva e sobretudo colabora-
tiva e em tempo real
Neste contexto,o serviçoouaplicaçãomais conhecidadestemovimento
talvez seja a blogomania;segundo dados doTechnorati,um
site
espe-
cializado em busca de blogues, o número de blogues era em Abril de
2000,60
vezesmaior do que há três anos,ou seja,mais de 35milhões.
E a dimensão dobra cada seis meses. Por outro lado, a cada dia são
criados, em média, 75 mil blogues. Em média, a cada um segundo
nasce um novo. Ainda segundo o Technorati, aproximadamente 1,2
milhão de notas são publicados por dia nos
blogs
,
uma média de 50
mil por hora.
O mundo do blogues já é o mundo da Web 2.0, assim como as enci-
clopédias construídas pelos utilizadores,de que o exemplomais conhe-
cido éWikipedia.Os serviços de relacionamento social como o
MySpace
,
os serviços de partilha de ficheiros como o
BitTorrent
tambémsãoWeb
2.0.
NoâmbitodaWeb 2.0podemos ainda colocar o
site
de leilões
eBay
,
dado que o seu poder resulta quase na íntegra das relações huma-
nas e efeitos de rede que se estabelecem por seu intermédio.Tudo o
que são
podcast
e
webcast
tambémpodem ser consideradas formas
de comunicação que materializam aWeb 2.0, que veio assim benefi-
ciar em muito do desenvolvimento e massificação da banda larga.
É que, no limite, sem banda larga – há quem considera que o DNA da
Web 2.0 é a rede – esta ainda não seria uma realidade. A verdade é
que aWeb 2.0 não é mais uma
buzzwork
,
uma jogada de
marketing
de algum fabricantes de TI ou de serviços de Internet, como aconte-
ceu durante o período da bolha tecnológica. A grande interrogação