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dos conteúdos era maioritariamente feito pelos distribuidores, hoje
são os produtores de conteúdos quem financia, vende e rentabiliza
o produto. Mas a Web 2.0 não será só uma fonte de oportunida-
des. Como salientou AndrewWyckoff, director da Divisão de Infor-
mação, Computação e Políticas de Comunicação da OCDE, na últi-
ma edição do 16
o
Congresso da APDC, na sessão «Uma Revolução
Chamada Web 2.0», o futuro da banda larga na Web 2.0 vai cer-
tamente trazer novos modelos de negócios, colocando-se aqui
desafios à privacidade e à segurança do armazenamento dos
dados. E deixou bem claro que este mundo de oportunidades tem
uma face negra igualmente poderosa - a criminalidade. Exempli-
fica com os casos de
phishing
,
um tipo de fraude electrónica que
rouba informações particulares, e que tem vindo a aumentar
substancialmente.
Mas, no limite, a Web 2.0 é extensível a todas as actividades em
que os colaboradores de qualquer organização possam traba-
lhar em simultâneo sobre os mesmos dados, enriquecendo o
potencial
output
,
comunicando e partilhando esses dados de
forma interactiva. Esta transformação só é possível com as TI,
que têm vindo a dar resposta progressiva às necessidades huma-
nas mais básicas e nucleares que é a comunicação e a partilha de
informação. O Web 2.0 vem permitir esta partilha e, em simultâ-
neo, ajuda a enriquece o conteúdo de cada um, gerando mais
valor, além de baixar o custo de transacção para a empresa e
para a economia. A título de exemplo, uma empresa que possua
uma forte componente de vendas móvel, utilizando as tecnolo-
gias das TI (banda larga, sobretudo) e da Web 2.0 pode comuni-
car com os seus clientes de forma interactiva, podendo inclusive
serem eles a marcarem a reunião com o profissional no seu por-
tátil ou telemóvel.
Grupos definem posicionamento
O potencial e as expectativas em torno da Web 2.0 está também a
mexer com todo o universo empresarial. Todos, de alguma maneira,
se querem posicionar, desde os média aos fornecedores de TIC. Mas
é nomundo dos media que este processo estámais avançado. A
hol-
ding
NewsCorp, de Robert Murdock, comprou em Julho de 2005, por
480
milhões de euros,aMySpace.com,uma comunidade
on-line
com
entre 60 a 70 milhões de utilizadores registados, dos quais 35 a 43
milhões são utilizadores regulares. Segundo os observadores deste
mercado,serviços como oMySpace,cujos conteúdos são criados pelos
próprios utilizadores,e que funcionamna lógica de redes
peer-to-peer
(
utilizador-a-utilizador), vão dominar esta segunda vaga da Web,
depois daWeb 1.0 ter sido dominado pelos serviços de comércio elec-
trónico. ANews Corp está ainda a negociar o último dos pilares daWeb
2.0
sem relação com os grandes portais, o
Digg
,
pelo qual poderá
oferecer 150 milhões de euros. Outras empresas media seguem a
NewsCorp. A BBC está a desenvolver um grande projecto de reestru-
turação para aWeb 2.0,assimcomo o
NewYorkTimes
.
As cadeias ame-
ricanas de jornais
Washington Post
e
Knight Ridder
adquiriramemcon-
junto (por algumas dezenas demilhões de dólares) o
Tribe.net
,
outra
comunidade
on-line
,
semelhante ao
Orkut
-
que já havia sido adqui-
rido pela Google, que por sua vez também comprou o
Blogger
(
amais
popular das ferramentas para criar blogues). Por sua vez os ISP e
portais tambémnão estão parados. A AOL,divisão para a Internet da
Time Warner
,
adquiriu uma série de pequenas
start-ups
na área da
distribuição de conteúdos em redes de
peer-to-peer
:
o
Truve
o (vídeo)
e o
SingingFish
(
música). A Yahoo pagou 60 milhões por dois dos ser-
viçosmais paradigmáticos daWeb 2.0:o
Flickr
(
rede de partilhade foto-
grafias) e o
del.icio.us
(
agregador
on-line
de «favoritos»). E na car-
teira da Yahoo está a comprar outro serviço extremamente popular