ção dum sonho que se prende ao meu
destino. Nas tuas mãos deponho um
ternobeijodo teuRaul» (Natal de 1927).
X, seduzido pela música das palavras,
ficoua imaginar o rostode Isabel:olhos
escuros eprofundos,sonhadores,belos
e de uma alegria doce feita de espe-
rança e expectativa, sorriso de rubi e
rosa apaixonada, pele de translúcido
cetim,o rosto namoldura de ondas de
ouro iluminado.
As palavras e as imagens misturavam-
-
se formando um único rio, horizonte
de signos indecifráveis, pura obses-
são, desejo sem nome que arrastava
X e lhe tirava o sono. Adormecia, ten-
tando decifrar aqueles códigos, como
os das cartas de
Raul
e
Adelaide
cheias
de grafismos esquisitos que subita-
mente lhe ditavam inocentes discursos
de namorados. Doces emoções, como
as de Lili escrevendo a Jayminho:«Meu
querido Jayminho. São 6h da manhã.
Ia pegar na carta para quando saisse
a deitar na caixa, mas lembrei-me de
te escrever este bilhetinho. Chegaste
bem a casa? Espero em Deus que sim.
Virás logo? Deus queira que sim...Adeus, recebe muitas e muitas
saudades da tua Lili». Ternura a que responde o doce bilhete de
Jayminho.
Ardente expressão dos sentimentos
durante a violência da Guerra nas car-
tas de Jesus a Filomena, de João a Pri-
mitiva,de Camille a Jeanne:
«
Ma Gosse
bien aimé: Je t'envoie comme par le
passé ma plus tendre affection et
l'amour ardent qui jamais ne se sépa-
rera de toi,mais mon amour je ne puis
te le prouver que sur ce froid papier, et
pourtant Dieumerci, j'en souffre amè-
rement. À quand serons-nous ensem-
ble pour toujours, dans notre petit
intérieur, rien que nous deux et te
prouver l'affection que j'ai pour toi, tu
sais, j'ai encore le caffard, et pour-
tant?? il faut se résigner. Au revoir mon
épouse chérie.Ton cher gosse qui t'em-
brasse bien fort, et qui t'aime pour
toujours. Camille. (29/3/1919) Sont à
toi mes plus folles caresses et mes plus
ardents baisers. Ton cher époux qui
t'aime à la folie et un seul instant ne
t'oublie. Camille P.S. Mille bons baisers
à bientôt dans tes bras, celui qui t'a
donné sa vie, et souffre de tes baisers.
Au revoir ma bonne Jeannette, à bien-
tôt te revoir Bons baisers»
(26/3/1919).
Vultos ressuscitando o romance no labirinto anónimo das multidões.
Blanche, que invejava Ofélia, alimentava-se também com o fascínio
daquelas palavras de amor e daquelas imagens. Paramelhor as sen-
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