Página 46 - Códice nº3, ano 2006

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objectivas há sempre forma de encontrar o que será justo e razoá-
vel».
Finalmente tecia alguns comentários críticos à APT. A empresa pre-
tendia que se repercutissem nas tarifas os impostos pagos em Lon-
dres: «o paiz não pode tomar sobre si pesadíssimos encargos tribu-
tários que outros paizes, através dos seus capitais no estrangeiro
pretendam cobrar». E, sobretudo, a centralização da administração
em Londres, fazia com que não houvesse, em Lisboa, um administra-
dor com responsabilidade e iniciativa suficientes o que contribuía
para o atraso no processo.
Comentários finais
Um processo de revisão tarifária justificava-se naturalmente no
pós-guerra, nem que fosse para providenciar o ajustamento dos
preços aos custos. Contudo a iniciativa da APT, tomada com legiti-
midade no âmbito do Contrato de Concessão foi transformada pela
AG CTT e pelo Governo num processo de revisão global desse mesmo
contrato e de reforço da posição da AG CTT no serviço telefónico
em Portugal. Apareceram aqui, bem evidentes, o optimismo a con-
fiança na capacidade técnica do Estado que caracterizaram a polí-
tica de desenvolvimento económico português nos anos 50.
Salazar acompanhou o processo e as posições do Ministério e da
AG CTT foram do seu conhecimento. A sua decisão final, de «equi-
líbrio» acabou por mostrar uma grande sensibilidade à credibilida-
de do País para conseguir atrair emanter algum investimento estran-
geiro. Ao mesmo tempo, Salazar procurou definir os parâmetros do
relacionamento futuro com a APT: receptividade ao investimento
estrangeiro,mas esperando da sua parte posições razoáveis, assim
como o estabelecimento de capacidade significativa de decisão em
Lisboa.
administração pública no país, é caminho errado e perda de tempo
apresentar pedidos para além do que se comporte numa plena jus-
tificação. As discussões são inevitáveis porque os ângulos dos
quais os contratantes encaram os problemas lhes dão visões
diversas deles; mas quando se parte de bases rigorosamente