Página 55 - Códice nº2, ano 2005

O azul (emegípcio
khesebedj
)
era obti-
do a partir da azurite (carbonato de
cobre), ou com o recurso ao óxido de
cobaltopara conseguir as bonitas tona-
lidades azuis que se vêem nas esta-
tuetas e amuletos, por exemplo.
Teve largousonaturalistaparaapintura
de elementos vegetais como o lótus,
ou como imitação do belo mas dispen-
dioso lápis-lazúli, sendo também a cor
de algumas aves,elementos de colares
e diademas e como representação de
superfícies líquidas.
Oseuusomágico-religiosoaprecia-sena
representação de coroas e ceptros reais
e divinos,bemcomo no cabelo dos deu-
ses e dos defuntos, e ainda na pele de
alguns deuses (como Amon-Ré,Osíris e
Ré-Horakhti),pelas semelhanças como
lápis-lazúli, o qual provinha do distan-
te Afeganistão, obtido pelo comércio que vinha desde a Mesopotâ-
mia, o que é um apreciável indício acerca do dinamismo do comércio
internacional dada a distância imensa entre o Egipto e a zona de
Badakhchan onde era obtido.
Outras cores
Para a obtenção de cores matizadas e de diferentes tonalidades
podia-se misturar vários óxidos de ferro naturais, abundantes no
solo,quer entre si quer compigmentos brancos.Damistura conseguiam-
se tonalidades que iamdo amarelo claro ao castanho, passando por
variados tons de vermelho,que incluiam
o rosa e o alaranjado.
Existia ainda a expressão
sab
,
a qual cor-
responde às nossas palavras «multico-
lor», «colorido» ou «garrido». Esta
forma identificadora do cromatismo uti-
lizava-se quando as imagens represen-
tadas mostravam grande variedade de
cores misturadas,mas de forma harmó-
nicae equilibrada,oque se verificava,por
exemplo,no desenho de aves ou de ser-
pentes.
Enfim, para além do aspecto sagrado e
mágico ligado à cor, os antigos Egípcios
sempre manifestaramumgrande apre-
ço pelas cores profanas e alegres, como
se vê no ricomobiliário e joalharia incrus-
tada,nos recipientes festivamentedeco-
rados, ou esteiras multicolores. Mas
sobretudo,«desejando a suaartemági-
ca criar seres reais e vivos,a pintura está sempre presente como a lumi-
nosidade do Sol está na natureza» (Jean Yoyotte).
Para além dos pigmentos de que se extraíam as desejadas cores,
também as pedras que a natureza facultava exibiam uma rica varie-
dade cromática. Em Assuão obtinha-se granito que podia ter tonali-
dade cinzenta ou rosada, e muito apreciadas eram as cores próprias
do alabastro (calcite), sobretudo o de Hatnub, do pórfiro, do basal-
to,do xisto e de outras pedras,merecendo especial atenção como ele-
mento decorativo as que tinham veios, que os artesãos sabiam com
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