Considerações Finais
Relativamente ao que foi dito sobre aMala-Posta emPortugal,pode-
-
se referir,emformade conclusão,que se constatanão ter existidoum
fio condutor comum aos três momentos abordados.
Cada uma das carreiras criadas, ao longo dos cerca de setenta anos,
funcionou de uma forma independente e isolada das outras, não se
verificando,portanto,qualquer esquemaorganizativogeral parao Ser-
viço da Mala-Posta.
Odescalabro económico a que quase todas as companhias estiveram
sujeitas,derivou,emgrande parte,damáqualidade das estradas,que
impediramumamaior eficáciadeste tipode transporte,provocando
elevados custos namanutenção domaterial circulante.
Por outro lado, está patente, na documentação con-
sultada, que o peso da tradição em termos de utiliza-
ção de transportes foi uma constante, pelo
que sómuito dificilmente se poderia alterar,
de forma radical, os hábitos dos cidadãos.
As forças danavegaçãomarítimaao longo
da costa e da fluvial na penetração para
o interior foram altamente concorren-
tes e inibidoras do desenvolvimento do
Serviço da Mala-Posta.
Finalmente,algumasdas carreirasesta-
belecidas não correspondiam, mini-
mamente,à realidade concretado país
enemsequer às suas necessidades reais,
mas a sua implementação foi,nalguns casos,
consequência de ingenuidade nascida da
inquebrantável vontade dos nossos bisavós,
de trazer o progresso ao Portugal do século XIX.
Após ter tomadoasmedidas paraaaquisiçãodos equipamentos eani-
mais,a Companhia assumia o Serviço, emMaio de 1852, entre o Porto
e Braga, para, em seguida, o estender até Guimarães. A rainha D.
Maria II e a família real foram das primeiras pessoas a viajar nestas
diligências, quando numa visita ao Porto, aproveitaram para se des-
locar a outras cidades do norte do país.
Sabe-se que esta Companhia funcionou perfeitamente até 1871,data
emo serviço foi divididopor outras empresas demenor dimensão,como
consequência da aproximação do caminho de ferro.
A razão do sucesso e prosperidade económica da Companhia «Via-
ção Portuense» encontrava-se no facto desta exercer a sua
actividade numa das regiões mais ricas do país. Comefei-
to,a Região Entre Douro eMinho era já,no século pas-
sado,umpólo importante de desenvolvimento,quer
pela sua agricultura em terras muito férteis,
quer pelo processo de industrialização cres-
cente, que se começava a implantar com
grande entusiasmo.
AMala-Posta constituiu então uma exce-
lente resposta para as necessidades
desta sociedade em crescimento, que
encontrou neste serviço uma preciosa
ajuda ao «desenvolvimento» local e
regional.
Entre 1871 e 1875,data emque o caminho
de ferro passou a dominar as comunica-
ções na região,outras carreiras funcionaram
ainda,mas todas elas com importânciamuito
relativa,semaprojecção das acabadas de refe-
rir neste período.
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Arquivo Histórico da FPC
Colectânea sobre
«
A Mala-Posta do Alentejo»
Colectânea sobre a
«
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B I B L I O G R A F I A
P E R I Ó D I C O S