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Ditadura Militar e Estado Novo – Liberdade adiada
des de desenvolvimento no tráfego telefónico, ace-
lerando o seu enquadramento nas grandes redes
europeias.
O serviço de Correios, herdeiro de uma tradição de
acompanhar de perto novos potenciais de eficiência,
integra em 1934 a primeira expedição de correio aé-
reo, estabelecendo a ligação com países da UPU; em
1951, cria o serviço de auto-ambulâncias na distribui-
ção da correspondência, a par da abertura de novas
estações – vai-se tornando imprescindível para as po-
pulações, principalmente as mais isoladas.
Também os serviços filatélicos, pelo seu objeto in-
trínseco de mensagem iconográfica, foram largamen-
te utilizados como instrumento de propaganda, com
a concorrência de artistas plásticos de grande valor
artístico, como Almada Negreiros, Jaime Martins Ba-
rata, Cândido Costa Pinto, João Abel Manta e outros,
atingindo grande cotação nacional e internacional,
principalmente após a comemoração do seu cente-
nário, em 1953, com a Exposição Filatélica Interna-
cional.
O domínio da imagem – a democratização
do quotidiano
1957 é o ano das primeiras emissões televisivas da
RTP – Radiotelevisão Portuguesa SARL. Apesar do
atraso da sua instalação face ao mundo ocidental,
rapidamente se tornou popular junto das populações
urbanas, com os conteúdos de cariz informativo e di-
dáticos criteriosamente selecionados, e com o poder
político a utilizar de forma eficaz este novo meio de
propaganda.
Marcelo Caetano e as suas «Conversas em Família»,
e as «Boas Festas» dos militares em combate no Ul-
tramar, programa da responsabilidade do Movimento
Nacional Feminino, são exemplos marcantes.
Os novos paradigmas da
administração do Estado
As empresas públicas
1960-1970
Portugal, nos finais da década do 60, é um país em
forte desenvolvimento económico – apesar dos seus
constrangimentos políticos e sociais, da continuação
de uma ditadura, apesar da «Primavera marcelista»,
da sangria demográfica que se acentua quer com a
guerra colonial, quer com a emigração para a Europa
– que acompanha as novas operacionalidades esta-
tais verificadas nas sociedades ocidentais, que foram
autonomizando grandes setores do Estado, para uma
Paralelamente, também as comunicações conti-
nente-ilhas-colónias tinham sido concessionadas à
Companhia Portuguesa Rádio Marconi em 1925, que
detinha a exclusividade das comunicações radiotele-
gráficas, através da instalação e exploração comer-
cial de postos TSF, efetivando-se a partir de 1926 o
serviço radiotelegráfico regular.
A guerra civil espanhola viria a confirmar a juste-
za desta opção, uma vez que a Marconi estabelece
em 1937 as comunicações radiotelefónicas com a
Alemanha, a Grã-Bretanha e a Suíça, para além de
posteriormente, durante a Segunda Guerra Mundial,
a Companhia Rádio Marconi, a partir de Lisboa, ter
desempenhado um papel único, proporcionando a
refugiados e populações migrantes uma das poucas
vias de comunicação intercontinentais existentes na
Europa.
Assim, seguindo o plano de 1935, o País foi dividi-
do em 52 regiões, incluindo Lisboa e Porto, para a
implementação da automatização da rede telefónica
nacional, que, apesar dos condicionalismos externos
(guerra civil espanhola, Segunda Guerra Mundial), foi
cumprindo paulatinamente.
Será neste período de carência, durante e após a
guerra, de importações de equipamentos e mate-
riais, e para colmatar as necessidades de projetos
em curso, que surge, em 1950, o Grupo de Estudos
de Comutação Automática (GECA), criado pelos
CTT, em Leiria. O grupo, constituído por quadros
de engenharia, cuja formação advém já do Instituto
Superior Técnico, e no qual se destaca o engenhei-
ro Pinto Basto, tem como objetivos a adaptação e
desenvolvendo de equipamentos para a rede portu-
guesa.
A inovação, aliada à redução de custos, torna este
centro fundamental para a automatização da rede te-
lefónica nacional, a capacidade técnica na área dos
sistemas de comutação automática e consequente
instalação e exploração, fabricando estações de ba-
teria central entre outros equipamentos, culminando
em 1957 com a instalação da nova central telefóni-
ca dos CTT no Palácio das Comunicações, na Praça
D. Luís, com um sistema de bateria central, adaptado
pelo GECA, de equipamentos da APT.
Em 1955, o GECA passa para Aveiro, transformando-
-se, em 1972, no Centro de Estudos de Telecomuni-
cações (CET), expandindo as suas funções para além
da conceção de equipamentos: formação na área da
comutação, investigação laboratorial e homologação
de equipamentos na indústria. Posteriormente, inte-
graria o núcleo duro que esteve na base da criação da
Universidade de Aveiro em 1974.
Por f im, com a instalação do cabo coaxial Lisboa-
-Porto, em 1961 dota-se o País de novas capacida-
FPC