Page 93 - Comunicar na Republica

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Ditadura Militar e Estado Novo – Liberdade adiada
Telegráficas e Telefónicas, as bases do setor das co-
municações.
O plano incluía a vertente de edifícios de correios, te-
légrafos e telefones, enquadrado no Plano Geral de
Obras Públicas, segundo uma planificação detalhada
e normalizada de construções em função da locali-
zação geográfica, para além do seu equipamento in-
terior.
O arquitecto Adelino Nunes, funcionário dos CTT,
desempenha neste projeto um papel inovador.
Fator de agregação social e instrumento de propa-
ganda, com a política intensiva de implantação de
edifícios de correios, da capital de distrito à aldeia,
o Estado Novo tentou colmatar o isolamento severo
que a maioria da população sofria, tornando-se no
país onde existe a maior densidade de estações.
A vertente técnica do plano relativa às redes telegrá-
fica e telefónica foi mais morosa no seu desenvolvi-
mento, uma vez que a realidade do País era acentua-
damente em duas velocidades:
O mundo da Anglo-Portuguese Telephone (APT),
em Lisboa e Porto, cuja exploração, desde 1882, foi
utilizando as tecnologias e equipamentos que iam
surgindo no mercado, detendo uma rede eficiente e
operacional, surgindo em 1930 a primeira estação de
comutação automática em Lisboa.
O Estado Novo, as obras públicas e
as infra-estruturas de comunicações
1926-1970
Com o golpe militar de 28 de maio de 1926, resultado
de um caótico estado socioeconómico do País e de
grande instabilidade política, a emergência de um es-
tado forte com a figura tutelar de um professor cate-
drático da Universidade de Coimbra, Oliveira Salazar,
poder-se-á afirmar, era previsível, senão inevitável,
para além de os ventos ideológicos europeus serem
de feição.
Com a aprovação da nova Constituição de 1933, o
Governo tomou como prioridades de ação, para além
de equilibrar as contas públicas, implementar o Esta-
do Novo em todas as atividades da sociedade portu-
guesa, renovando as quase inexistentes infraestrutu-
ras económicas do País.
Duarte Pacheco, ministro das Obras Públicas e Co-
municações, e Couto dos Santos, administrador-geral
dos Correios e Telégrafos, foram os obreiros do de-
senvolvimento e renovação do setor dos correios e
telecomunicações, ao abrigo da Lei de Reconstitui-
ção Económica de 1935, conscientes do atraso e en-
velhecimento das infraestruturas de comunicações,
promovendo, através do Plano Geral de Construções
Contextos temporais
das comunicações em Portugal
Júlia Saldanha
Ao lado: Pagela de inauguração da Estação de Correios de Ourique (arquivo iconográfico da FPC).
FPC