Page 84 - Comunicar na Republica

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I República – Liberdade em ação
Apesar de todos os esforços desenvolvidos pelas
profissionais dos telefones, em momentos de «pico
de tráfego» nem sempre era possível responder tão
prontamente quanto o desejável. Por vezes, e com
certa incompreensão por parte dos assinantes, estes
tempos de espera não eram bem aceites. As pessoas
ignoravam o ambiente de tensão que se vivia no inte-
rior das centrais quando se registava um excesso de
chamadas e a saturação das linhas.
A datação é de cerca de 1910 e utilizou-se até à au-
tomatização das redes, como PPC (posto particular
de comutação) em hotéis, fábricas, hospitais, quartéis,
bem como em serviço público nas localidades com
tráfego que justificasse uma central com estas carac-
terísticas.
Redes globais de cabos
As telecomunicações a grandes distâncias só se de-
senvolveram com as novas tecnologias. Cerca de
1845 uma goma chamada guta-percha, extraída de
árvores da Malásia (Ásia), veio permitir o isolamento
da rede de cabos. Doravante foi possível transportar
os sinais de telecomunicações, por terra ou por mar.
O fabricante de cabos era Werner von Siemens que
viria a criar em associação com Halske a empresa
Siemens & Halske uma das mais emblemáticas orga-
nizações nas tecnologias de telecomunicações.
Por volta de 1930 já havia no mundo cerca de um
milhão de quilómetros de cabos, constituindo uma
rede global, permitindo às telecomunicações chegar
a quase todos os confins do planeta.
Um dos primeiros vestígios históricos de cabos de
telecomunicações em Portugal encontra-se
in loco
no Portinho da Costa, Almada, tendo o património
museológico de telecomunicações da Fundação Por-
tuguesa das Comunicações à guarda uma coleção de
amostras de cabos, bem como uma série de imagens
alusivas e uma lápide comemorativa com a legenda
«Cabo do Tejo 27 d`Abril 1871».
A legenda foi retirada de um dos primeiros edifícios
de amarração de cabos com condutores de fios de co-
bre. Esta estrutura esteve em funcionamento durante
as últimas décadas da Monarquia e a sua utilidade foi
prolongada durante o tempo da I e da II República. O
cabo subf luvial só foi desativado após a construção
da ponte sobre o Tejo, a qual passou a suportar novas
estruturas de cabos, unindo o Sul com o Norte.
Outras marcas históricas, quer na paisagem, quer na
cultura portuguesa, foram legadas por via das insta-
lações de amarração e reforço de sinais dos cabos
telegráficos na Quinta Nova de Santo António, Car-
De cima para baixo: central telefónica modelo
«costureirinha»; telefonistas, 1920; central telefónica
manual da Estação Norte, 1915, Lisboa.
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