Page 76 - Comunicar na Republica

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I República – Liberdade em ação
Redes telefónicas de Lisboa e Porto
Para lá da telegrafia, havia duas redes telefónicas em
Lisboa e Porto e suas áreas circundantes. Estas re-
des haviam sido constituídas em 1882, primeiro pela
Edison Gower Bell Telephone of Europe, e depois,
em 1887, passaram para a administração da APT –
Anglo-Portuguese Telephone Company. Só em 1904
passaram a estar conectadas entre si.
O deserto telefónico do resto do território contrasta-
va com a expansão das redes telegráficas, de modo
que a frase proferida nas memórias de Raul Brandão
foi baseada nesta realidade das telecomunicações de
então:
«(...) Se os Republicanos fizessem um comício no alto
da avenida e viessem por ali abaixo, a República es-
tava feita! Afirmava o Silva Graça. E o Porto e a pro-
víncia? Perguntou ao Chagas. – Que me importa a
Província! Que me importa mesmo o Porto! – A Re-
pública fazemo-la depois pelo telégrafo.» (Raul Bran-
dão,
Memórias
, vol. I, julho de 1910, p. 274).
Se juntarmos o correio a estes meios de telecomunica-
ção, podemos dizer que Portugal, em 1910, tinha um
serviço de comunicações adequado às necessidades
dos utilizadores de um país predominantemente rural,
tal como o caracterizara Rafael Bordalo Pinheiro.
Em finais da I República a tecnologia das centrais de
Lisboa e Porto estava a evoluir para o sistema de bate-
Decoração de montra de uma loja da APT, anos 20.
Mapas com a área da rede APT do Porto e de de Lisboa.
Montra com vários telefones para venda, anos 20.
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