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Ditadura Militar e Estado Novo – Liberdade adiada
Radiotelevisão
A RTP teve existência legal em finais de 1955, após a
publicação do Decreto-lei n.º 40341. Em 1956 foi ins-
talado um emissor de potência regional e num pavi-
lhão em Palhavã, Lisboa, foi instalado o equipamento
de realização e emissão. A instalação era precária, o
que não impediu que no pavilhão de Palhavã fossem
transmitidos programas de teatro, cinema, música,
desporto e notícias.
De Palhavã, o equipamento e emissões passaram
para o estúdio cinematográfico do Lumiar. Em 1957
começaram as emissões regulares a partir do Lumiar.
Por esta altura a RTP também criou serviços móveis
de emissão. Em 1959 entra em função a RTP no Por-
to. Em 1964 a RTP começou a utilizar a tecnologia
videotape
pela qual faziam gravações para posterior
emissão. O emissor do Mendro ficou activo em 1965
e a partir deste ano possibilitou a ligação para o con-
tinente europeu, começando por Espanha.
O ano de 1967 costuma ser referido como uma marca
na produção e emissão de uma das mais importantes
visitas de um chefe de Estado e da Igreja, na pessoa
de Paulo VI, com a visita coberta pela única estação
de televisão então existente em Portugal.
A tecnologia dos perfuradores de fita telegráfica (au-
xiliares dos telex) nos dias preparativos e durante a
própria visita de Sua Santidade foi uma ferramenta de
grande utilidade para os jornalistas e operadores de te-
lecomunicações. Com efeito, não havia linhas de telex
que suportassem os picos de movimento desses dias.
Em vez dos telegramas serem datilografados direta-
mente sobre o telex, ao ritmo humano, eram previa-
mente datilografados no teclado do perfurador de fita
telegráfica, que automaticamente traduzia os carate-
res em sequências combinadas de furos, à semelhan-
ça dos cartões perfurados dos antigos computadores.
Deste modo, as mensagens ficavam codificadas
numa fita de papel para oportunamente serem trans-
mitidas pelo telex, em velocidade automática diferi-
da, que é muito maior do que a datilografia manual
direta e «em linha». A ocupação da linha era, pois,
distribuída no tempo e otimizada, aproveitando todos
os momentos disponíveis.
Em 1969 a RTP difundiu e guardou em arquivo a alu-
nagem dos primeiros homens e em 1972 foram inau-
guradas as instalações e o equipamento de emissão
da Madeira.
Ao tempo do Estado Novo outro programa de refe-
rência produzido e difundido pela RTP foi o «Zip-Zip»
(1969) apresentado por três figuras destacadas no ca-
nal público, Raul Solnado, Fialho Gouveia e Carlos
Cruz. Este programa abriu com a figura histórica das
artes, Almada Negreiros.
Serviço de fonogramas
Os telegramas podem ter uma parte ou a totalidade
do percurso de transmissão e receção por via telefó-
nica. A operadora de uma central ou estação dos CTT
recebe um telegrama telefonado e passa a mensagem
à máquina de escrever sobre um impresso próprio de
telegrama. Este é depois entregue ao destinatário por
um boletineiro, mensageiro ou carteiro (anos 60).
Distribuição
A distribuição e entrega de telegramas nas principais
cidades é feita por boletineiros ciclistas, equipados
com fardamento, bolsa e bicicleta. A imagem refere-
-se a um dos primeiros boletineiros ciclistas em Lis-
boa ao pé da Central Telegráfica do Terreiro do Paço
(cerca de 1950).
Teleimpressor dos anos 60.
Boletineiro ciclista.
FPC