Page 120 - Comunicar na Republica

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Ditadura Militar e Estado Novo – Liberdade adiada
Cardoso, como no caso do Entreposto Postal Aéreo
e em outros, onde a correspondência, depois de divi-
dida por países, era passada a «pente fino» por esses
agentes.
Os trabalhadores dos correios, sobretudo nos setores
de tratamento e também nos de encaminhamento
de correspondência, trabalhavam sob um clima de
desconfiança e, muitas vezes até, sob um clima de
ameaças veladas.
Simultaneamente, dá-se ummovimento de êxodo, so-
bretudo para a França e a Alemanha, no sonho futuro
de uma vida melhor. A maior parte dos emigrantes,
sobretudo homens, partia clandestinamente, a
«salto», como então se dizia.
A guerra e a emigração despovoam os cam-
pos, tornando ainda mais difícil a vida dos
que ficavam, insuficientes para fazer crescer,
ou mesmo manter, o setor primário. Esta situ-
ação traz para os centros urbanos uma nova
população que se instala sobretudo nas cin-
turas do Porto e de Lisboa e também na faixa
litoral, onde se havia fixado em maior força a
industrialização e que traz consigo também
o desenvolvimento de «serviços».
Este fenómeno vai contribuir para um maior
crescimento económico que, ao proporcio-
nar melhores condições de vida, traz con-
sigo também uma nova mentalidade, um
nova consciencialização da realidade, uma maior
preocupação por parte dos progenitores, no sentido
de proporcionarem aos filhos condições para um fu-
turo melhor, que passava, prioritariamente, pela es-
colaridade a níveis mais avançados.
O mesmo acontece com a população emigrante, que
investe o fruto do seu trabalho na melhoria das con-
dições de vida dos que deixaram e até do País, tra-
zendo divisas e ajudando também a desenvolver as
regiões de origem.
Foi o setor postal, através da troca de mensagens,
seja via postal ou telefónica, que garantiu a comu-
familiar que forem expedidos para qualquer ponto
do território português pelo pessoal dos três ramos
das forças armadas ou das corporações militarizadas
destacadas nas províncias ultramarinas, bem como
os expedidos do continente e ilhas adjacentes para
aquele pessoal pelos familiares e madrinhas de guer-
ra...», e outros regulamentos complementares.
O aerograma é editado pelo próprio movimento, mui-
to embora ao longo dos anos outros modelos tenham
surgido, motivando descontentamento da parte do
Movimento Nacional Feminino que reivindicava a
sua criação, em exclusivo.
Aerograma
A Guerra Colonial, desencadeada em três frentes –
Angola, Moçambique e Guiné, províncias que não
possuíam uma estrutura de correio que, repentina-
mente, pudesse fazer frente ao volume de correspon-
dência entre Portugal e os seus espaços (território
europeu e colónias), sendo quase exclusivamente
esta a única forma de contacto entre os milhares de
jovens e suas famílias e amigos, obrigou à implemen-
tação e desenvolvimento de outros serviços. Com a
premente necessidade de criar
condições adaptáveis a esta realidade, são
criados, para o efeito, os Serviços Postais Militares
que se mantêm até 1974, não só em Portugal, Guiné,
Angola e Moçambique, mas também em Cabo Verde,
São Tomé e Príncipe, Timor, Macau e Índia.
Nas centrais e distribuidoras dos correios, a corres-
pondência é verificada por agentes da PIDE mais ou
menos camuf lados e, nalguns casos, instalados em
gabinetes próprios, criados e adaptados ao trabalho
que desenvolviam, como, por exemplo, as ligações
telefónicas diretamente à sede, na Rua António Maria
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