35
O exame final constava de prova escrita e oral sendo a segunda
prestada perante um júri que integrava dois elementos indicados
pela Administração-Geral.
O importante Decreto 5786 de 10 de Maio de 1919, que reestru-
tura a organização dos Correios, Telégrafos, Telefones e Indús-
trias Eléctricas, irá suscitar novos aperfeiçoamentos no âmbito
do ensino profissional. Neste instrumento legal regulava-se a
existência de três graus na formação: elementar, complementar
e superior; descentralizava-se, com a abertura no Porto de uma
segunda Escola de Correios e Telégrafos (designação que veio
substituir a de Escola Prática); estendia-se a formação a pes-
soal do sexo feminino para lugares de ajudantes e telefonistas.
Os cursos superiores, engenharia electrotécnica e electrotecnia,
seriam leccionados no Instituto Superior Técnico e nos Institutos
Industriais. Este diploma previa, ainda, mecanismos de ascensão
na carreira aos funcionários do chamado «pessoal menor» que
tivessem adquirido o 5° ano dos Liceus ou equivalente, sem limite
de idade, permitindo-lhes a inscrição no Curso Elementar da Escola.
A complementaridade de formação no estrangeiro, por concur-
so bianual, para dois primeiros oficiais do quadro do pessoal da
Administração-Geral, estava igualmente prevista.
No que respeita às Colónias conhece-se a existência de uma Escola
de Correios e Telégrafos de Angola, de nível elementar, com objec-
tivos semelhantes aos das Escolas mencionadas, que foi regula-
mentada (9 de Setembro de 1913) em novos moldes na sequência
da implantação da República. Conhecendo alguns percalços vem,
contudo, a ser reactivada pela «Organização dos serviços dos
Correios e Telégrafos da Colónia de Angola», aprovada em 12 de
Fevereiro de 1931 e regulamentada em 9 de Novembro de 1933, com
sede em Luanda. O curso secundário subsequente seria ministrado
em Lisboa.
O programa republicano de reforço da instrução a todos os níveis
da sociedade contribuiu, particularmente no sector dos correios,
telégrafos e telefones, para uma profissionalização crescente e um
claro reforço da competência técnica do pessoal com repercussões
nos desenvolvimentos posteriores.
Uma plêiade de engenheiros e pessoal técnico preparado por estas
Escolas, incluindo o Instituto Superior Técnico, estarão na base
do desenvolvimento do sector das comunicações e, em particular,
das telecomunicações a partir dos anos 30 do século passado,
permitindo que o País se furtasse às consequências do bloqueio
provocado quer pela Guerra Civil Espanhola quer pela II Guerra
Mundial, mantendo um elevado nível de penetração no territó-
rio continental, nas ilhas atlânticas e, inclusive, nos territórios
coloniais. A inserção e contribuições relevantes para os
fora
inter-
nacionais de correio, telegrafia, telefonia e radiocomunicações,
congressos, conferências, UPU, UIT, radicam, do mesmo modo,
num esforço de constante actualização e melhoria dos serviços.
Esta tradição de exigência explica, igualmente, uma ligação muito
particular deste sector de actividade ao ensino universitário que,
ainda hoje, justifica muito do seu vanguardismo no contexto eco-
nómico nacional.
Alunos da Escola Prática dos Correios e Telégrafos (1916/18) ao serviço ainda em 1954. Arquivo Histórico da FPC.
AAVV –
Comemorações do XXXVI Aniversário do Curso que frequentou a Escola Prática dos
Correios e Telégrafos nos anos lectivos de 1916-1918
.
Lisboa, 1954
LOPES, Paula – «Memórias do mundo industrial», in
Códice
, 1
ª Série, n° 5, 1° semestre.
Lisboa: FPC, 2000
Portugal.
Colecção oficial de Legislação Portuguesa
:
Ano de 1911. Lisboa: Imprensa Nacio-
nal, 1912
Portugal.
Colecção oficial de Legislação Portuguesa
:
Ano de 1912. Lisboa: Imprensa Nacio-
nal, 1913
Portugal.
Colecção oficial de Legislação Portugues
a: Ano de 1919. Lisboa: Imprensa Nacio-
nal, 1920
SERRÃO, Humberto Júlio Cunha – O que eu vi em 50 anos. Palestra Profissional n° 36.
Lisboa: Serviços Culturais dos CTT, 1948
VARÃO, Isabel – «Progresso técnico e telegrafia eléctrica, 1880-1910», in
Códice
, 1
ª Série,
n° 5, 1° semestre. Lisboa: FPC, 2000
[Consulta em 10.10.25]
[Consulta em 10.10.25]
B I B L I O G R A F I A
R E F . E L E C T R Ó N I C A S