Por estes motivos, o problema do
preço único no serviço telefónico teve
dois níveis. Em primeiro lugar, os pre-
ços em vigor em cada uma das redes,
nas diferentes localidades. Ou seja, o
problema da unificação de preços em
cada uma das áreas de exploração, a
daAPT eadaAGCT. Emsegundo lugar,
a redução e eliminação das diferenças
depreços entreas redes daAPT eas da
AGCT e da AGCTT.
Como referimos, dos preços dos ser-
viços telefónicos analisamos aqui os
preços de acesso, normalmente cor-
respondentes à assinatura mensal.
Em finais do século XIX a assinatura
mensal nas áreas da APT era estabe-
lecida localmente, paracadaárea local
servida pela empresa, o que era bem significativo, também porque
nesta altura, através da assinatura (que era então uma anuidade),
eram pagos os serviços de acesso e de comunicação. A assinatura
era, de facto, uma tarifa plana. Além disto, havia discriminação de
preços entre assinantes residenciais e industriais ou comerciantes.
Assinaturas iguais para todos não eram práticas correntes no início
do serviço telefónico em Portugal.
Anos depois, já no século XX, a situação era um pouco diferente.
Os preços a pagar pelo acesso definiam-se relativamente a uma linha
de delimitação, o perímetro da circunvalação em Lisboa e no Porto.
Isto significava que os acessosmais afastados do centro das cidades
pagavammais do que os mais próximos. E esta foi a prática que aca-
bou por prevalecer nas redes da APT,
pelo menos até ao tarifário de 1964.
Além disto, nos anos 1920 e 1930,
continuou a haver discriminação de
preços entre assinantes residenciais
e não residenciais.
Nas redes da AGCT deu-se uma evo-
lução semelhante. Os primeiros pre-
ços de acesso foram estabelecidos
para cada localidade onde se inicia-
va a construção de uma rede. Depois
foi estabelecido um preço base para
acessos até uma dada distância da
central (por exemplo, mil metros),
fixando-se um determinado acrésci-
modepreçodependentedadistância,
a partir daí. Ao mesmo tempo, havia
uma diferença significativa de preços
consoante o serviço de acesso prestado, por exemplo, consoante se
tratava de um acesso em horário permanente, prolongado ou mais
reduzido, o que tinha a ver, naturalmente, com a existência de cen-
trais telefónicasmanuais, emquea continuidadedo serviçodependia
da disponibilidade permanente de telefonistas.
Nestes casos, era claro que as organizações que instalavam e explo-
ravam redes telefónicas públicas procuravam estabelecer preços de
acesso com alguma relação com os respectivos custos. Os acessos
mais longos, para servir clientes mais distantes das centrais, custa-
vam mais, tudo o resto constante, e tinham preços mais elevados.
Isto não significa, evidentemente, que os preços de cada acesso
estivessem orientados para os respectivos custos. Mas implica que
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Trabalhos de colocação do cabo telefónico subterrâneo entre Lisboa e Vila Franca de Xira, no ano de 1947, acervo iconográfico da FPC.