que reabriraemfinais dos anos60naRuadeD.Estefânia.As instituições
museológicas nesses anos 60 e 70passarampor umcerto abandono.
Verifica-se que os museus portugueses,após uma intensificação das
suas actividades relacionadas com a ideologia no que toca a uma
certa exaltação nacionalista comepílogo na exposição do«OMundo
Português» (1940), começaram a entrar em crise.
Com o objectivo de pôr cobro a esta crise, alguns museólogos apela-
rampara novos valores, como a integração de programas educativos
e culturais em consonância com o processo de democratização da
sociedade. Nesta perspectiva, citamos Domingos Pinho Brandão:
«
Logicamente, umMuseu deverá ser uma escola de educação e cul-
tura [...] não se destinando somente aos especialistas, mas a todo o
homemmesmo ao menos culto, para que seja mais culto» (Brandão:
1976)
13
.
Esta política implicaria a necessidade de investir emnova formação e
investimentos compatíveis paraalterar as tradicionais práticasmuseo-
lógicas e museográficas e cativar novos públicos: «No mundo dos
museus, o ponto crítico do problema da sua sobrevivência, da sua
resolução das suas carências, da sua integração na vida das regiões
[...]
é constituído, precisamente pelo divórcio entre a teoria e a práti-
ca. [...] Aomeditar sobre a situação dos nossos museus e consideran-
do o que tenho lido, visto e ouvido, dos que têm tentado com todo o
entusiasmo e sacrifício próprios enfrentar a crise que atravessamos,
verifiquei o seguinte:Entre nós - osMuseus de Comunicações eTrans-
portes - deixamo-nos absorver de tal maneira pelos nossos próprios
assuntos que estamos cada vez mais afastados uns dos outros [...]»
(
Firmino: 1976)
14
.
Esta anotação da 3
a
conservadora-chefe do Museu deixa antever os
inúmeros problemas que, em nossa opinião, radicavam no seguinte:
crisedoEstadoNovo,afectandoomuseudevidoàmobilizaçãodasaten-
ções e dos recursos para as guerras de África, não permitindo repen-
sar apolíticamuseológicaoumesmo reactivar a tradicional acção;refor-
ço da emigração, revelando umdesinteresse de permanência no Por-
tugal de regime ditatorial.
Odesinteresse pelas exposições emuseus repercutia-se naárea patri-
monial.Porém,na década de 80,algomudou.A loja doMuseu,melhor
preparada, veio reforçar o interesse dos visitantes. Começou uma
nova política de relações públicas e
marketing
,
com a oferta e venda
de materiais de âmbito cultural e publicitário. Deste modo se cativou
o público escolar num panorama museológico nacional de museus
com poucos recursos.
Depois de um trabalho notável na primeira metade da década de 80
com promoção de exposições itinerantes pelo País e deslocações a
escolas e colectividades, o Museu dos CTT encerrou inesperadamen-
te as portas emMaio de 1985. Desta feita, alegou-se que as instala-
ções de água e electricidade da Rua de D. Estefânia, 173-175, estavam
em perigo de provocar uma situação de catástrofe. Esteve o museu
encerrado ao público desde essa altura,Maio de 1985,atéOutubro de
1997,
data em que reabriu com outra administração e outro estatu-
to. Nesse meio tempo, promoveram-se exposições itinerantes tem-
porárias de curta e de longa duração, recolheram-se, incorporaram-
se, registaram-se, inventariaram-se, informatizaram-se, classifica-
ram-se emnova tabela de colecções,conservaram-se e restauraram-
se milhares de peças de telecomunicações.
Tabela (ou chave) de classificação
das colecções utilizada desde 1985 a 1998
Esta tabela foi muito útil durante uma dezena de anos. Entretanto,
o sector das telecomunicações evoluiu comnovas tecnologias e novos
serviços, e a tabela de classificação começou a não responder às
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