Página 56 - Códice nº5, ano 2008

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e ainda um jardim com cerca de 340 m2. A exposição da Estefânia
integrava pela primeira vez emsimultâneo e nomesmo edifício as três
principais colecções: Correio, Filatelia e Telecomunicações.
A classificação de peças deste período caracteriza-se na seguinte
tabela de colecções:
> Telegráficas
Metropolitanas do Continente e Ilhas Adjacentes;
Ultramarinas; Internacionais
> Telefónicas
Metropolitanas do Continente e Ilhas Adjacentes;
Ultramarinas; Internacionais
> Radioeléctricas
Metropolitanas do Continente e Ilhas Adjacentes;
Ultramarinas; Internacionais
Esta terminologiade colecções subdivide-se emequipamentos emate-
riais, tais como:«Aparelhos,Utensílios,Desenhos;Esquemas;Mapas;
Fotografias; Impressos; Publicidade e Propaganda; Representação
Documental dos Serviços CTT; Documentação Profissional e História;
Indumentária, Numismática e Diversos»
11
.
Nos finaisdosanos60,oacervomuseológicode telecomunicações ron-
dava cerca de 1500 peças, tratadas comum inventário sumário basea-
do em listagens e fichas (umasmanuscritas,outras dactilografadas). É
sintomáticodaépoca,anos40a60,aclassificaçãodepeçasem«Publi-
cidade e Propaganda», «Documentação Profissional e História»,
«
Numismática»e«Ultramarinas»,fazendo jusà«políticadoespírito»,
doPortugal doMinhoaTimor eao«elodacadeia»quecadafuncionário
«
deveria ser», como refere o conservador AntónioMora Ramos.
12
3.
Democratização
A partir de meados da década de 70, desenham-se novas políticas
museológicas. É exercida uma acção pedagógica na sede do museu,
oantecessor teráajudadoa realizar com trabalhos prévios e como seu
legado de saber:namuseologia,na arquivística e na biblioteconomia,
áreas onde Mário Gonçalves Viana foi autor e inovador.
Opensamento do conservador AntónioMora Ramos e o tipo de acção
que caracteriza o seu trabalho podemser analisados pelo contexto da
suapalestra,editadaem livro,cujo títuloé sugestivo,
OValor Psico-peda-
gógico de um Museu Profissional
,
em que ele próprio refere: «Trata-
se não apenas de uma palestramas demais uma dasmuitas dezenas
de palestras que a Administração Geral ao serviço de uma constante
política do espírito [...]» (Ramos: 1954)
9
.
Estas referências dão-nos
uma ideia do ambiente social, político e profissional da organização
estatal dos CTT.
QuantoaosnovosfuncionáriosdaAdministraçãoCTT,oconservadorMora
Ramos refere que deveriampassar, aquando da sua admissão, por um
estágio no museu, a fim de conhecerem o passado e o presente da
«
Casa» que iriam servir:«Interessa, sobretudo, que cada funcionário
[...]
veja e sinta que é umelo da cadeia, umpormenor indispensável no
arranjodoconjunto.Interessasobretudo,queencontrenagrandezada
Administraçãooestímulo indispensável para levar avanteo seupróprio
trabalhocomentusiasmo,comdinamismo,com justificadoorgulho! [...].
EsteMuseu vivoque correspondeaumanecessidadedanossaépocae
danossaAdministração,esteMuseuque,seDeus quiser,permitirácriar
uma colectiva consciência profissional» (Ramos: 1954)
10
.
1
a
exposição de telecomunicações
Neste contexto da«política do espírito»do Estado Novo, foi inaugu-
rada,em1959,a primeira exposição do sector de telecomunicações no
2
o
andar da Rua Castilho,n
o
15,
e o primeiro edifício utilizado por intei-
ro para omuseu foi o da RuadeD.Estefânianúmeros 173-175,comuma
área total de aproximadamente 745 m2 distribuídos por quatro pisos