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fas foram extintas e/ou estão em vias de extinção, mas cujos contri-
butos permitiramqueas empresas onde trabalharamfossemoque são
hoje. Consideramos que, além do (re)conhecimento justo e louvável,
esse registo, é também uma atitude e actividade de homenagem da
empresa à própria empresa,não só,enquanto empreendimento para
a realização de objectivos, sejam estes de exploração negocial, eco-
nómico-social, mas também, de cidadania, educação e cultura, ou
seja, de divulgação e melhoria da sua cultura empresarial e imagem
de marca.
Se reconhecermos que por detrás da colecção do museu, em volta de
cada peça, documento, e/ou objecto material tangível, há sempre
memórias imateriais de sentimentos intangíveis ao olhar dos visitan-
tes fora das empresas,mas que são valores fundamentais que fazem
parte da própria cultura de empresa;se considerarmos como principal
valor empresarial o reconhecimento técnico,a formadeproduzir,aqua-
lidadedosmateriais,produtos e serviços,porque isso se reflectena con-
fiabilidade dos seus clientes,então este conjuntode qualidades,aque
chamamos de capacidades técnica, tecnológica e de gestão, com-
põe o acervo intangível da cultura de empresa – isto é reproduzível no
museu,nas exposições que se preparamena forma como se exploram,
se mostram, se animam.
Razão porque consideramos fundamental, para além colecção, tam-
bémtrabalhar odiscursoexpositivomuseológiconaperspectivada filo-
sofia de vida da empresa, do espírito da instituição:
Expor umacervomaterial não trata apenas demostrar os objectos da
colecção, como o próprio produto, o equipamento, a matéria-prima,
a embalagem,as tecnologias,ou antigos anúncios publicitários,mas
tambémdematerializar,pelomusealizar umacervo intangível,modos
de fazer,processos de produção,modelos de gestão,hábitos de rela-
cionamento, práticas quotidianas – memórias imateriais.
quem inventou e/ou desenvolveu…?
para que serve…?
como funciona…?
quem utilizou…?
como evoluiu…?
que mudanças comportamentais e/ou novas actividades pro-
moveu…?
Nesteâmbito,consideramos fundamental desenvolver naempresaum
constante e colectivo espíritomuseal,de atitudes (in)formativas con-
ducentes àmanutenção,para futuro estudo e conservação de objec-
tos comvistaa transformar (coisas,eventos do passado e presente da
empresa empeças demuseu), ou seja,musealizar o passado presen-
te da empresa, perpetuando o seu futuro, pela construção do seu
património museológico.
O museu de empresa funciona como uma excelente ferramenta de
gestão de todo o patrimóniomuseológico empresarial: o património
material e, também, o património imaterial – uma oportunidade,
muitas vezes única, de recolha, tratamento e registo, preservação e
musealização de vivências de memórias perpetuadas ligadas pelas
peças museais, numa preocupação constante pela constituição do
seupatrimónio imaterial – o tangível e intangível,ambos comoum todo
patrimonial.
Neste sentido e contexto, é emergente e necessária a recolha conti-
nuada, tratamento, preservação, estudo, conservação e divulgação
daevoluçãohistóricadaempresa,bemcomoaposterior exposiçãodos
seus documentos, objectos, ferramentas, equipamentos,métodos e
processos de fabrico,produtos e serviços,e,acimade tudo,promovendo,
simultaneamente, o valor profissional das pessoas e suas memórias.
É, consequentemente, fundamental e prioritário o registo sistémico
de testemunhos dos vários profissionais,cujas actividades e/ou tare-
Maria da Glória Firmino, Conservadora do Museu dos CTT, na Rua D. Estefânia em Lisboa, acervo iconográfico da FPC.