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circunstânciaaludindoàdeusa
Hathor, mas também evo-
cando o nome de Baal
(
senhor),umadas divin-
dadesmaisveneradasna
Síria-Palestina,terranatal
das primeiras e revolucio-
nárias experiências para a
criação de um sistema alfabé-
tico.
A criação de umverdadeiro alfabe-
to,sebemqueapenas consonântico,
ocorreu de facto na região da Síria-
-
Palestina. É verdade que já muito antes a
escritahieroglíficaegípcia tinhaconseguido isolar das
centenas de signos cerca de trinta para com eles grafar
outros tantos fonemas,mas essaexperiêncianunca levouà
formação de um alfabeto. Ora entre 1800 e 1500 a. C., em cir-
cunstâncias ainda não de todo conhecidas, foram surgindo ten-
tativasparaacriaçãodeumsistemaalfabético,enestecontextoCanaã
aparece comoespaçode criaçãoede irradiaçãodaescritaalfabéticade
base consonântica.
Os letrados da cidade portuária de Ugarit, situada na costa mediter-
rânica da Síria do Norte, conseguiram ultrapassar a fase do sistema
mesopotâmico, baseado na sílaba, e elaboraramum sistema alfabéti-
coprático,fazendocorresponder auma«letra»(formadapor umsigno
cuneiforme simples oupor vários signosassociados) umúnico som.Com
esta iniciativa eles revelarama sua proximidade cultural em relação ao
distante Egipto,emboraa cidade estivessegeograficamentemais pró-
xima domundomesopotâmico,mesmo do ponto de vista linguístico.
A invenção do alfabeto ugarí-
tico revela uma grande econo-
mia na redacção dos signos,
os quais passarama ser cerca
de trinta - compare-se comos
dois mil signos do cuneiforme
sumério, com os oitocentos
signos acádios,os setecentos
assírio-babilónios, os cerca de
cem elamitas e os quarenta do
persa antigo, este confinado pra-
ticamente ao uso na corte aquemé-
nida.
O alfabeto linear fenício surgiu em finais do
século XII a. C., composto por 22 letras, que se redi-
giam sobre papiro ou sobre um óstraco com um pincel
embebido em tinta. Estes tipos de suporte condicionaram o
desenhoda letraeestiveramnaorigemdaopçãopelo traçodúctil linear
ao invés do cuneiforme.Aparentemente foram imperativos comerciais
e eventualmente as relações diplomáticas que determinarama inven-
ção do alfabeto fenício, a partir de influências regionais do Norte da
Síria. Com a simplicidade dos novos signos, esta nova modalidade
gráfica revelou-semais eficaz que o anterior alfabeto ugarítico de tipo
cuneiforme, que tinha signos simples para certas letras (
t
e
g
,
por
exemplo) e outros mais complexos (caso do
b
,
r
,
d
ou
s
).
Na sequência das experiências alfabéticas proto-cananaicas surgi-
rammodalidades praticadas pelos letrados de várias cidades-estado
e pequenos reinos da Síria-Palestina,a partir do ugarítico (comsignos
cuneiformes) e sobretudo do fenício (com escrita linear). A partir do
século VIII a. C. a colónia fenícia de Cartago, que se autonomizou e