Página 14 - Códice nº3, ano 2006

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lo C) e em 1928 o exército alemão
vem a integrá-la no seu equipa-
mento,numaversãoprópria,aEnig-
ma G. Em conjunto as forças arma-
das da Alemanha passaram a uti-
lizá-la sistematicamente a partir
de 1930. O recurso a este aparelho
ficou a dever-se, principalmente,
ao carácter aparentemente invio-
lável dos textos criptografados que
produzia e, também, à facilidade de manuseamento.
À semelhança do«cilindro cifrante»de Jefferson,estamáquina con-
témdiscos rotativos dentados dispostos em fila e suportados por um
eixo central que, ao ser accionada qualquer tecla, obriga o disco
(
rotor) da direita a avançar uma posição, sendo que os rotores à
esquerda assumirão,emsimultâneo,diferentes posições. Será omovi-
mento dos rotores que irá provocar soluções variáveis de codifica-
ção: baseia-se, como facilmente se perceberá, em códigos de substi-
tuição. Se os princípios são clássicos o resultado é, porém, complexo
e, de certo modo, inovador dada a existência de vários rotores, três
ou mais, e a interacção mútua baseada na corrente eléctrica induzi-
da. Isto é,da pressão sobre amesma tecla, resultarãomúltiplas com-
binações possíveis que podematingir até 17 000 caracteres,isto para
o modelo inicial de três rotores.
Derivando da Enigma ou por criação própria, vierama surgir modelos
comerciais modificados na Grã-Bretanha, na Holanda, no Japão e
nos Estados Unidos. Mas ficou a dever-se ao engenho e capacidade
matemática de um jovempolaco,Marian Rejewski,o princípio da des-
coberta da descodificação damáquinamilitar usada pelos alemães,
isto mesmo antes do início da II Guerra Mundial (1938). Baseando-se
gir umacréscimode sofisticaçãonas
técnicas de criptologia. Segundo a
opiniãodeHeadrick
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,
forama radio-
difusão e a telegrafia que permiti-
ramamundializaçãodos conflitos ao
mesmo tempoque se instaloua cen-
sura, a intercepção secreta, a deci-
fração e a análise sistemáticas.
Mesmo no período entre as duas
Grandes Guerras, emque a exacer-
bação nacionalista e a disputa industrial, orientada e controlada
pelos Estados europeus,condicionou a existência de umclima de con-
flito latente,o crescendodaespionagemeoaperfeiçoamentodas suas
técnicas é um dado adquirido, sobretudo no que se refere às teleco-
municações.
Os processos historicamente utilizados e atrás descritos vêm a ser
substituídos pelamecanização que virá,mais tarde,a culminar no sur-
gimento do computador e no seu uso exclusivo. Mas, por enquanto,
apenas se atinge uma mecanização sofisticada de que a máquina
Enigma é o exemplo mais conhecido.
A máquina Enigma e o desfecho da II Guerra
Mundial
Estamáquina electro-magnética foi patenteada por Arthur Scherbius
em 1918 e os seus protótipos foram dados a conhecer publicamente
no Congresso da União Postal Universal de 1923-1924. A versão então
apresentada, o modelo A, era semelhante a uma máquina de escre-
ver,munidade teclado comos vintee seis caracteres doalfabetoe tinha
um peso considerável, cerca de 50 Kg.
Logo em 1926 é adoptada pelaMarinha Alemã para o seu uso (mode-
Exemplo de codificação obtida com a Enigma de 3 rotores.