Página 90 - Códice nº2, ano 2005

90
brodomesmoano […/…] Desde logo seapresentaramvários problemas
a resolver, entre os quais avultava o da força motriz, que, aparelhos
como oHughes e o Baudot requeremumagrande regularidade […/…]
A nossa modesta teoria, enviada não só à casa Doignon […] mas
também a Mr. Pomey, director da Escola Superior dos P.T.T. [Postes
Telegraphes et Telephones de França] e inspector geral dos Correios
e Telégrafos franceses, foi publicado nos anais de Outubro de 1925 e
pouco depois numa revista italiana.» (Portugal. CTT: DSE. Relatório,
1927).
Outra referência elogiosa, entre várias, é-nos dada pela carta data-
da de Bruxelles le 19/9/25 da parte de Van den Perren – Dirigeur de la
surveillance de l’essai a Bruxelles, de que apresentamos o seguinte
extracto: «Le Mendonça [designação abreviada do regulador DMO]
a foncionné parfaitement. Depuis le 5/9 on lá laissé sur Amsterdam
parce que c’est avec ce poste qu’on avait le plus de miserè (sic) et il a
donné pleine satisfation.»
Oprojecto levado à prática foi divulgado por diversos países,comoAle-
manha, Argentina, Bélgica, Brasil, Espanha, Estados Unidos da Amé-
rica,Holanda,Itália,Inglaterra,Letónia,Madagáscar,Rússia e Sérvia.
(
vide, Portugal. CTT, DSE. Relatório, 1927).
A telegrafia multiplex e a colaboração de Lisboa
Um novo passo tecnológico foi conseguido em França com o telégra-
fo Baudot. A aplicação do novo conceito de telegrafiamúltipla (tam-
bém conhecida por simultânea ou multiplex) com bons resultados
teve origem em Paris e recebeu a participação de Lisboa.
A possibilidade de uma única linha permitir mais do que uma comu-
nicação simultânea, foi a aposta conseguida em França. Os telégra-
fos Baudot iniciarameste conceito de telegrafia emque pelomesmo
equipamento,transitamduas ouquatromensagens emvez deuma só.
Antóniodos Santos concebera,em linhasmuitogerais,umadupla roda
de tipos (para letras,números e sinais),dois electroímanes relacionados
com a dupla função que pretendia introduzir ao telégrafo e ainda o
desejado e famoso regulador. Quanto à aplicação do regulador, este
destinava-se a colmatar os problemas provocados pela variação na
tensão da corrente eléctrica (funcionando, grosso modo, como uma
embraiagem) devido à frequente variação de corrente que apresen-
tava consequências gravosas na transmissão e recepção da escrita.
As mensagens resultavam, assim, pouco legíveis por má impressão e
má distribuição do texto sobre o papel.
Se, no que toca à função para um telégrafo duplo, esta função não
chegou a ser implementada (por razões de inovações nos telégrafos
Baudot,por exemplo),jánoque tocaao regulador oprojecto teve enor-
me sucesso ao ser retomado pelas Oficinas Gerais dos CTT e pela casa
Doignon. Este sucesso foi aplicado nas estações de maior tráfego da
época e nos dois sistemas telegráficos - Hughes e Baudot - como
apresentamos no seguinte capítulo.
Nos quatro cantos do mundo
A aplicação da inovação portuguesa nos reguladores dos telégrafos
Hughes e Baudot tornou-se num invento de interesse para todo o
mundo. Deste modo foi estabelecido um contrato de produção com
as Oficinas Doignon de Paris, além da produção em Lisboa nas Ofici-
nas Gerais dos CTT.
Em1924,os novos reguladores foramaplicados comóptimos resultados,
sendo aprovado pela comunidade científica de então:
«
Em 1918 foram os signatários encarregados pela Administração
Geral dos Correios e Telégrafos de ir a Paris estudar o aparelho tele-
gráfico Baudot,missão de que se desempenharam partindo para ali
emmeados deMarço e regressando a Lisboa emprincípios de Novem-
Telégrafo tipográfico inventado em Paris por Antoine Damaskynos. Patenteado em Lisboa por 15.000 Reis no Serviço
da Propriedade Industrial – Repartição da Industria, 1897, acervo de telecomunicações da FPC.