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çãodas linhas euma vantagemde economiade fita telegráfica.Logo,
o telégrafo de Cristiano Bramão trouxe especiais benefícios para as
estações de maior tráfego.
As redes internacionais de telegrafia anteci-
pam o processo de globalização
Oprimeiro cabo telegráfico submarino que amarrou emPortugal,foi
lançado em 1870. A estação receptora do cabo situava-se na Quin-
ta Nova, também conhecida por Quinta do Lobito, em Carcavelos.
O edifício era um palácio pertença do Morgado de Alagoa. Em 1872
o palácio passou, por compra, para a propriedade do Cabo Subma-
rino e a partir deste momento Portugal passou a fazer parte de
uma redequaseglobal,tendoao seualcance comunicações comIngla-
terra, Gibraltar, Malta, Índia, China e outros países.
As comunicações entre oNorte e o Sul doTejo do território continental
português passarampelo cabo sub fluvial que amarrava empeque-
nos e simpáticos edifícios situados:umemBelém (juntoàTorre e Forte
do Bom Sucesso) e outro no Portinho da Costa, Almada. Estes edi-
fícios de acolhimento do cabo telegráfico foram inaugurados em1871.
Por eles passaram as primeiras transmissões telégrafo-telefóni-
cas
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.
Estas primeiras transmissões telégrafo-telefónicas foram realizadas
como telefone/telégrafo (umclássico e inovador) deCristianoAugus-
to Bramão. Segundo tudo indica, através da documentação reuni-
da, podemos afirmar que este tipo de aparelho realizou a primeira
fonoconferência do mundo levada à prática com interlocutores
situados emsimultâneo em Lisboa e nas seguintes localidades:Bom
Sucesso, Barreiro e Setúbal. O sucesso das experiências foi brilhan-
te e a notícia saiu publicada na
Revista de Obras Públicas eMinas
da
época.
A arte nas tecnologias
Em 1885, adopta-se, em Portugal, o telégrafo da marca Hughes,
conhecido na gíria técnica por «piano», por o seu design ser inspi-
rado neste instrumento musical. Na primeira década do século XX,
este telégrafo foi objecto de investigação com vista a uma melho-
ria do seu funcionamento.
Ao que tudo indica,António dos Santos
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esteve envolvido no primeiro
projecto e estudo para amodificação do telégrafo Hughes. Amodi-
ficação iniciada por António dos Santos e documentada no seu
manuscrito profusamente decorado e primorosamente organizado,
consiste na transformação do aparelho de modo simples emmodo
duplo.Visava comesta transformação enviar mais mensagens num
mesmo espaço de tempo e nummesmo circuito de fios.
Oseuprojecto contemplaaindaumdesenhoparaa criaçãodumregu-
lador fiável.Tanto o telégrafo Hughes como o Baudot o careciam. O
desejado regulador inovador acabou por surgir coma designação de
DMO (que significa Doignon,Mendonça e Oliveira) em homenagem
ao construtor e aos co-inventores. Parece-nos, porém, que o nome
de António dos Santos deveria ter sido mencionado na co-autoria,
já que,segundo cremos e a documentação confirma,o desejado re-
gulador foi primeiro projectado por António dos Santos.
Neste novo regulador estiveramenvolvidos:António dos Santos que
começaraantecipadamente noprojectode inovação e os inspectores
FranciscoMendonça e CassianoMaria de Oliveira, que colaboraram
noprojecto.A continuaçãodos estudos eos trabalhos demanufactura
das peças que integramo regulador terão sidoobrade equipade fun-
cionários/artífices das Oficinas Gerais dos CTT, embora com os Ins-
pectores na coordenação dos trabalhos. Numa fase posterior, teve
aparticipaçãoda casaDoignondeParis quepassoua construir edivul-
gar esta peça minuciosamente pensada e co-produzida em Lisboa.
Telégrafo múltiplo da marca Baudot. Inovado em Portugal com um regulador. Séc. XX – Anos 20, acervo de telecomunicações da FPC.