Página 85 - Códice nº2, ano 2005

do as mensagens chegavam em formato impresso (pontos, traços
e espaços).
Muitas vezes os registos das mensagens apresentavam falhas de
tinta. Como as dificuldades «aguçam o
engenho», os nossos técnicos não tarda-
ram a «dar asas» à criatividade. Foram,
então, implementadas inovações para
ultrapassar o que Guilhermino de Barros
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resumiu no seguinte extracto:
«
Os receptores «Morse» que então exis-
tiam – da primitiva aquisição – eram de
ponta seca ou de tinteiro com tira-linhas,
uns e outros de fracos resultados práti-
cos. Nos primeiros: os sinais, marcados no
papel por um ponteiro de aço, eram de
difícil percepção e desapareciam com faci-
lidade. Nos segundos: a tinta secava a
miude nos tira-linhas, ou, quando êste
estavamal regulado, transbordava e alas-
trava no papel, tornando impossível a
leitura da fita.» (Barros; Ferreira: 1943,
p. 52).
Inovações lusas solucionam
disfunções tecnológicas
Até meados dos anos 60 do século XIX, os
receptores telegráficos não satisfaziam
plenamente o processo de comunicação à
distância: Tal situação incentivou Maximi-
liano Augusto Herrmann
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a introduzir alte-
rações nos receptores de código morse. Na parte respeitante ao
registo dos sinais, Herrmann construiu uma tina ou tinteiro de utili-
dade inequívoca e documentada. Adaptou-o com uma armadura
flexível e regulável e com um fino estilete,
como se de uma pena ou caneta se tratas-
se,deixando apenas escorrer a tinta neces-
sária para os registos dasmensagens serem
legíveis.
A notícia deste dispositivo de impressão
adaptado ao receptor foi divulgada fora do
País. Da inovação «[…] deu a nossa Direc-
ção Geral conhecimento às administrações
[
telegráficas] estrangeiras, que as regis-
taram comaplauso» (Barros; Ferreira: 1943,
p. 52;
Annales Télégraphiques
,
Tomo VIII,
Paris, 1865).
Jose Victorino Damazio - então director-
-
geral dos Telégrafos Portugueses dirigiu-
-
se aos participantes da Conferência Tele-
gráfica Internacional de Paris. A temática
levada a Paris pelo director dos Telégrafos
foi relacionada com o receptor modificado
pelo lisbonense Maximiliano Herrmann:
«
L’ Administration des télégraphes portu-
gais a modifié les appareils Morse à poin-
te sèche en y introduisant les perfection-
nements imaginés par un habile ingénieur
portugais, M. Herrmann.
«
La description de notre appareil perfec-
tionné et les instructions pour le bien régler
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Telégrafo de Cristiano Augusto Bramão apresentado na grande Exposição Universal de Paris, em 1878,
onde foi distinguido com um Diploma de Honra equivalente a uma Grande Medalha, acervo de telecomunicações da FPC.
Edifício de acolhimento do cabo e reforço dos sinais de telecomunicações por onde passaram as primeiras experiências telégrafo-telefónicas, 1871,
acervo iconográfico da FPC.