Página 84 - Códice nº2, ano 2005

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dou a ser aplicada. Com JoseVictorino Damazio,nomeado director em
1864,
o telégrafo passou a servir a sociedade civil:comércio,indústria,
imprensa e sociedade, que são doravante utilizadores deste novo
equipamento social.
Os recursos humanos do telégrafo deixam de ser geridos pela corpo-
ração militar e passam para o corpo civil.
«
Decreta-se uma profunda reforma dos serviços em 1864 – O pessoal
dos Telégrafos passa a constituir um corpo civil». (Barros; Ferreira:
1943,
p. 35).
Nas palavras e frases
mais correntes,
descobriu-se
no código
morse um
certo encan-
to que podia
ser facilmen-
te decorado e
manipulado, se
associado a um ritmo de
toques com uma certa «musicalida-
de». Os telegrafistas foram expeditos e utilizaram o código de uma
forma afectiva. Foi umamaneira inteligente de ultrapassaremas difi-
culdades de um código, à partida hermético, e cuja memorização
parecia umquebra-cabeças. E omorse começou a tornar-se popular,
sonora e mentalmente repetido nas frases mais comuns, como se de
uma música se tratasse.
Por motivos de dificuldades técnicas ligadas a um deficiente funcio-
namento do equipamento, a recepção das mensagens era por vezes
perdida ou difícil de decifrar. Esta dificuldade apresentava-se quan-
e Invicta puderam comunicar, entre si, no decurso deste ano, os téc-
nicos portuguese cedo começarama inteirar-se da gestão e da cons-
trução das infra-estruturas de transmissão. A primeira linha de Lisboa
ao Porto foi concluída com a direcção de Joaquim José de Almeida,
que substituiu com competência o Técnico francês Mr. Debain.
A musicalidade do código morse
Os telégrafos de código morse, introduzidos desde 1856, foram
de início pensados para
as comunicações de lon-
go curso. Mas não tar-
dou a sua difusão por
quase todas as linhas.
O sistema da marca
Bréguet, que não ne-
cessitavade código,
continuou essen-
cialmente nas es-
tações dos cami-
nhos-de-ferro, em
parte devido à sim-
plicidade da transmissão e recepção das mensagens.
Em 1859 foi estabelecida a ligação com Espanha pelo norte (Minho e
Galiza). Em cinco anos foram instalados mais de dois mil quilómetros
de linhas e cercade seis centenas de empregados trabalhavamnonovo
serviço.
José Bernardo da Silva, director dos Telégrafos, esforçou-se pela
melhoriados equipamentos e serviços.Ao que se sabe,pouco terá con-
seguido. Os telégrafos haviam sido organizados em função do servi-
ço administrativo e militar. Era necessária uma reforma que não tar-