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turantes da revolução científica operada na Europa no século XVI.
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A criação, em 1520, do ofício de correio-mor vem ainda na sequência
de um conjunto de iniciativas políticas que visavama integração jurí-
dica do território, em que se destaca a publicação das Ordenações
Manuelinas e a Reforma dos Forais, bem como a elaboração de ins-
trumentos susceptíveis de dotar o Estado de receitas mais elevadas,
caso do regimento das sisas.
Os princípios configuradores domodelo de correios em vigor na época
moderna, foram traçados pela monarca Venturoso e por D. João III
nas cartasdeofícioconcedidasa LuísHomeme LuísAfonso.Nestesdiplo-
mas,oofíciode correio-mor foi concebido comouma«empresa»pres-
tadoradeserviçosespecializadosde transportedecartas,sujeitoapaga-
mentodeportes,àCoroaeaparticulares.Deacordocomestaconcepção,
ao titular doofício foi atribuídaa tarefade contratar correios,recebendo
como retribuição uma percentagem de 10% dos portes.
Até 1606, os correios-mores estiveram na dependência do monarca
sendo nomeados por este. Nesta data, que se insere numa conjun-
tura de dificuldades financeiras por parte da Coroa de Madrid, o ofí-
cio foi vendido a um particular. A carta de venda do ofício do correio-
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mor,«com tudo a elle anexo», transferiu para uma entidade priva-
da, a família Mata, todos os direitos, privilégios, prerrogativas e pro-
ventos de que gozavam,desde a sua criação,os correios-mores de Por-
tugal,acrescentando-lhe os usufruídos pelos de Castela. Coma atri-
buição do ofício criado por D. Manuel a Luís Gomes da Mata todos os
serviços do correio existentes, bem como o pessoal a eles afecto –
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assistentes,mestres de posta,estafetas – lhe ficaramsubordinados.
Por sua vez, os correios assistentes de Braga, Porto, Aveiro e Coimbra
viram-se esbulhados de todos os seus direitos, sendo obrigados a
negociar como novo titular do ofício o exercício da sua função e a par-
tilha dos rendimentos do correio.
nha,Roma e Nápoles.
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A fimde facilitar a circulação dos serviços pos-
tais o imperador comprometeu-se a fazer diligências junto dosmonar-
cas dos países que eramatravessados pelos correios no sentido de lhes
fornecerem provisões e cavalos, bem como garantirem a segurança
do transporte da correspondência.
O sistema de comunicações postais disponibilizado pelos velozes cor-
reios geridos pela empresa italiana colocaram à disposição de Carlos
V umsistema de comunicações rápido e eficaz que lhe permitia o con-
trolo das vários espaços do Império bemcomo a correspondência com
a imperatriz Isabel, a filha de D.Manuel I, que na qualidade de espo-
sa dedicada e competente«governadora» cuidava dos filhos e geria
os negócios da Casa Real e do Reino nas ausências do marido.
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A implantaçãodeumserviçode comunicações acompanhou igualmente
a estruturação política dos Estados Unidos da América. Com efeito,
no congresso realizado emFiladélfia,em1775,foi nomeadauma comis-
são presidida por BenjamimFranklin e constituída por Samuel Adams,
Richard Henry Lee, Philip Livingston, Thomas Lynch e Thomas Willing
a quem se cometeu a incumbência de criar um sistema postal. Os tra-
balhos foram bem sucedidos, tendo assumido o presidente da refe-
rida comissão o cargo de primeiro «Postmaster». Sob a gestão de
Benjamim Franklin criaram-se as primeiras rotas postais, nomeada-
menteas que estabeleciama comunicaçãoentreo congressoeos exér-
citos que lutavam pela libertação colonial.
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Em Portugal, o serviço organizado de comunicações postais foi esta-
belecido no reinado de D. Manuel, num contexto em que o País dava
passos decisivos no sentido da«abertura domundo», tendo as cara-
velas aportado já aos lugares centrais do Império português – África,
Índia e Brasil – donde traziammercadorias que alimentavamo comér-
cio internacional e novas experiências (que chegavam oralmente ou
por carta) que iriam construir novas representações domundo estru-