Página 13 - Códice nº2, ano 2005

O Papa Calisto II, instituindo o Ano Santo Jacobeu, e o seu sucessor,
Alexandre III (1159-1181), ao outorgar o Jubileu, concede a indulgên-
ciaplenária (remissãodos pecados) aquemvisite o templode SãoTiago
nos anos em que o dia 25 de Julho coincidir com o dia do Senhor, o
domingo.
A sua popularidade por toda a Europa foi enor-
me,instituindo-se diversos caminhos,con-
forme a região donde se partia, dota-
dos de infra-estruturas de apoio
como hospedagens e hospitais.
Construíram-se pontes,mostei-
ros, igrejas e até se fundaram
inúmeras povoações juntoaos
caminhos de Santiago.
Assim,pelaproximidadee vizi-
nhança do santuário, a via-
gem de peregrinação a São
Tiago de Compostela seria
usual no reino de Portugal,
utilizando-sea viaPorto-Braga-
-
Ponte de Lima-Tui,para alémdo
território ser atravessado por pere-
grinos espanhóis, franceses e outros
vindos do sudeste ou de leste, que pas-
savam por Bragança e Chaves.
Viajavam a pé e em grupo, com um bordão de
apoio e um alforge com alguma comida e roupa. Fre-
quentemente pediam esmola para prosseguir viagem, uma vez que
a féde cumprir promessas epenitências,oua vontadede salvar aalma,
não cabiam as distinções sociais.
A frequência destas peregrinações motivaram a construção e repa-
ração de caminhos e pontes, estabelecendo-se barcas para a tra-
vessia de rios,construindo-se hospícios e albergues,para acolhimento
dos peregrinos.
Os pobres
As condições socio-económicas do Portu-
gal medieval, pelos seus condicionalis-
mos, palco constante de razias e
devastações nos campos, tornou
grande parte da sua população
indigente. Muitos necessita-
vamde deslocar-se para suprir
as suas necessidades básicas.
O carácter itinerante dopobre
medieval é uma realidade,
pois este só obteria esmola e
assistênciaao longo dos cami-
nhos e locais de passagem,
uma vez que os povoados eram
muito restritos e carenciados.
Noentanto,poderiausufruir de toda
uma rede de apoios gratuitos em fun-
ção da sua itinerância:
>
dádivas de alimentos ou refeição nas casa
abastadas, usualmente uma vez por semana;
>
permissão de respigar o resto das colheitas, e colher a
fruta do chão;
>
as festas em honra dos santos populares nas localidades,
principalmente no Norte e Centro do País, incluíam usualmente
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O peregrino.
O viajante, Hieronymus Bosch.