Página 10 - Códice nº2, ano 2005

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No entanto,as classes possidentes,usando os direitos de aposenta-
doria,aboletando casas e seu recheio,eramobjecto demuitas denún-
cias dos concelhos junto do rei, sendo frequente o pedido do esta-
belecimento das estalagens para colmatar tais abusos. No entanto
foi deficiente a sua expansão e funcionamento.
Tambémo termo«estáos»é referido para designar estalagens,prin-
cipalmente no século XIV.
SousaViterbo transcreve uma ordemde
D. AfonsoV de 1449 definindo«que nos
bairros dos senhores que tivessempaços
na cidade de Lisboa,se fizessemestáos,
em que os seus pudessem pousar por
seus dinheiros».
Os peregrinos
Durante a Idade Média, o culto cristão
na Península Ibérica revestiu caracte-
rísticas próprias de território constan-
temente assolado por intervençõesmili-
tares contra o Al-Andaluz, cujos habi-
tantes na época, eram designados por
«
Mouros», os infiéis. Este facto origi-
nou que as populações,fustigadas pela
insegurança da guerra, a par das insu-
ficiências alimentares e físicas,adoptassemumespírito religioso apo-
calíptico, onde a presença damorte é constante, principalmente até
ao século XIV.
São Tiago de Compostela, para além de Jerusalém e Roma, era con-
siderado um dos maiores lugares santos da cristandade europeia
medieval, principalmente a partir do século XI.
A concessãoda feiradePontede Limaem1125 éodocumentomais anti-
go relativo a feiras,e só no século XIII se generalizarammas de forma
desigual,tendo sidooNorte eo interior norteas regiões quemais bene-
ficiaram destas instituições.
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A hospedagem
Mercadores, almocreves e todos os viajantes de fora poderiam hos-
pedar-se em locais próprios, as estala-
gens, ou em casas alugadas.
As estalagens frequentemente eram
pertença do rei, «estalagens reais»,
em contratos de arrendamento, sem-
pre em localidades com mercados ou
feiras importantes, que obrigavam os
transeuntes a nelas pernoitar.
Veja-se a queixa do concelho de Santa-
rémaD.Dinis,ea sua resolução em1289,
pelaqual D.Afonso III impôs aos homens
vindos de foraaobrigatoriedade de per-
noita nas estalagens reais e ao paga-
mento de dois soldos por cada carga.
Este tipo de apoio era bastante irregu-
lar, tornando-se mais usual a partir do
século XIV, como demonstram os docu-
mentos, e já com a concorrência de particulares.
A carta de concessão da estalagem de Setúbal a João Palmeiro em
1328,
constitui exemplo deste tipo de estabelecimento impondo-lhe,
opreçodos fornecimentos epalhaparaas cavalgaduras,deixando livre
oajustequantoa roupas de cama,comidae luz,pagandoopreçousual
da terra.
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A estalagem, 1492.
A abertura dos 4 selos. Livro do Apocalipse do Beato de Liebana.