Página 19 - Códice nº1, ano 2004

No ano seguinte, a imprensa anunciava durante o mês de Maio, com
algumdestaque,a abertura para o final dessemês de uma nova car-
reira,pertencente à«Real Diligência de Posta»,que passava a asse-
gurar a ligação entreVila Nova da Rainha e as Caldas da Rainha.Mas,
agora,pode-seafirmar que estaerade factoa carreira correspondente
à concessão acordada com
John Doyle.
Inicialmente,as diligências
deveriamfazer três viagens
por semana,de acordo com
o esquema estipulado para
o barco a vapor, que ligava
Lisboa a Vila Nova da Rai-
nha. Porém, a companhia
preparava-separaefectuar
viagens diárias, depois de
encontrar uma alternativa
para os dias em que não
havia ligação com a capi-
tal, por vapor. Para tanto,
propunha-se utilizar um
escaler a quatro remos com uma lotação para oito passageiros.
O Diário Político, Literário e Commercial «O Portuguez», na sua edi-
ção de 23 deMaio de 1827,referia em tompublicitário que as obras rea-
lizadas na estrada tornavam a viagem
«
suave e cómoda, mormen-
te para pessoas enfermas. De légua em légua achar-se-ia água em
abundância na travessia uma região formosa e pitoresca»
.
As diligências a utilizar teriam uma lotação para seis passageiros no
interior e de oito no exterior e, de acordo com os proprietários da
Companhia,permitiamuma velocidade
«
até então desconhecida»
,
sendo acompanhadas por um condutor armado e dois soldados de
cavalaria.
Apesar de todas estas boas intenções e as excelentes condições
anunciadas na imprensa, crê-se que a carreira deve ter tido uma vida
efémera,porquanto não se conhece qualquer outro relato sobre a sua
existência.
Carreira de Aldeia
Galega/Badajoz
(1830-1831)
Se o interesse, sob o ponto
de vista económico e políti-
co, da carreira que acabá-
mos de abordar era duvi-
doso, o mesmo não acon-
tecia com aMala-Posta de
AldeiaGalega a Badajoz,já
que se revelava bastante
importante,quer para via-
jantes comuns, quer para
homens de negócio.
De facto,esta carreira não só permitia a ligação a Espanha,mas tam-
bém, a outros países da Europa, via Madrid. Neste sentido, sabe-se
de um documento enviado ao rei D. Miguel pelo nosso representan-
te diplomático na Corte espanhola, Primeiro Conde de Figueira, que
apontava o sucesso do serviço de transporte de diligências em Espa-
nha. Aliás, referia a existência de contactos, através do Ministério
dos Negócios Estrangeiros, para a Companhia «Reais Diligências de
Espanha» estabelecer uma carreira até Aldeia Galega. Mas, na rea-
lidade, destes contactos nada parece ter resultado.
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