Ao longo do regime de ditadura em Portugal, 29 mil cidadãos foram presos por razões de ordem política, homens e mulheres de todas as tendências. A última operação policial da PIDE/DGS ocorreu uma semana antes do 25 de Abril de 1974.
Maria Helena Augusto das Neves Gorjão, foi uma dessas mulheres presas.
Conhecida como Helena Neves, reconhecida pelo seu ativismo feminista e antifascista, foi militante do Partido Comunista Português, foi presa três vezes durante o regime ditatorial.
Nasceu em Lisboa em 1944. O seu pai, apoiante do regime de Salazar, deu-lhe uma educação regrada.
Anos mais tarde, no liceu, era a única aluna da sua turma que não pertencia à Mocidade Portuguesa Feminina, alegando não gostar de fardas e de regras. Aos 14 anos escreveu textos para a Emissora Nacional II e criou um programa juvenil nos Parodiantes de Lisboa. Com apenas 17 anos tornou-se militante do Partido Comunista Português (PCP).
Helena Neves e o seu marido viriam a ser presos pela PIDE três vezes. A primeira em 1969, na véspera do início da campanha para as eleições para a Assembleia Nacional.
Devido ao seu envolvimento político a PIDE impediu-a de lecionar por “não garantir a Segurança do Estado. Tornou-se jornalista e colaborou nos jornais República e no Diário de Lisboa.
Em 1973, quando integrava a lista da Comissão Democrática Eleitoral (CDE) – organização frentista liderada pelo clandestino PCP, ela e o marido foram novamente presos pela PIDE.
A terceira, e última detenção de Helena Neves, foi nos primeiros dias de abril de 1974. Era o primeiro nome da lista de presos divulgada pela CDE.
Logo no dia 25 de abril, chegava a mensagem a Caxias a anunciar que tinha havido um golpe militar. No dia seguinte, Helena Neves e o marido eram recebidos por uma multidão que entusiasticamente os esperavam de braços abertos.
A partir desse momento, ambos passaram a desempenhar funções de crescente responsabilidade no Partido Comunista Português.
Helena Neves foi fundadora do Movimento Democrático das Mulheres (MDM) e jornalista do semanário “Avante”. Em 1979 ingressou na “Revista Mulheres”, tendo dirigido a publicação até 1991.
Saiu do PCP e foi dirigente do Bloco de Esquerda até 2002.
A exposição Do Cabo Zero à Liberdade, apresenta documentos que explicam os procedimentos e mecanismos de vigilância, além de exibir diversos itens relacionados aos sistemas usados, como telefones e centrais de encaminhamento de chamadas.
Fonte consultada: “Os últimos do Estado Novo”, de José Pedro Castanheira.