O Dia em que Nasceu Camões

A data de nascimento do grande poeta Luís Vaz de Camões permanece uma incógnita, não havendo qualquer registo ou prova documental que confirme se terá sido em 1524 ou 1525.

Existem, sim, suposições, ensaios, em obras de escritores, cronistas, biógrafos, investigadores, fundamentadas em descrições que Camões fez ao longo da sua obra Os Lusíadas (1572). Documentos militares aquando a sua passagem pela Índia e África; um registo com o seu nome nas listas de embarque para o Oriente, de 1550, onde se declara a idade de 25 anos, são possíveis evidências.

Em 2024, um grupo de investigadores da Universidade de Coimbra realizou um trabalho de pesquisa baseado no poema de Camões “O dia em que eu nasci, morra e pereça” e na obra de Luciano Pereira da Silva, “A astronomia dos Lusíadas”, que lhes permitiu concluir a data de 23 de janeiro de 1524 como sendo aquela mais provável para o nascimento de Luís de Camões.

Terá nascido em Lisboa e ainda muito novo mudado para Coimbra, onde recebeu uma sólida educação, por influência do seu tio, D. Bento de Camões, frade de Santa Cruz e chanceler da Universidade de Coimbra. O interesse pelo conhecimento, em particular o latim, a literatura e a história poderá ter surgido daí. Mais tarde, os encontros intelectuais na corte de D. João III também o terão impulsionado para a poesia.

Levou uma vida boémia e turbulenta, com muitos envolvimentos amorosos e outras adversidades que terminaram em desgraça, algumas vezes no exílio.

Após um amor frustrado, ter-se-á refugiado e depois alistado como soldado para África. Combateu numa batalha em Ceuta, onde perdeu o olho direito.

Numa outra condenação terá sido perdoado e libertado por ordem régia, e mandado para a Índia, onde viveu cerca de 17 anos. Aí combateu ao lado das forças portuguesas. Aí terá escrito a maior parte da sua obra mais conhecida, Os Lusíadas.

Em 1553, em viagem por terras onde Vasco da Gama navegara, enfrentou uma tempestade no Cabo da Boa Esperança e acabou por aportar em Goa. Do naufrágio apenas ele e o manuscrito d’Os Lusíadas se salvaram.

As dificuldades por que passou, a profunda angústia do exílio, a saudade da pátria, espelharam-se na sua obra.

No regresso a Portugal terminou Os Lusíadas e apresentou-os ao rei D. Sebastião. O rei determinou que o publicassem em 1572.

Os últimos anos de vida foram em grande pobreza. Acabou por adoecer de peste, e morreu em 10 de junho de 1580.

Nos 500 anos do nascimento de Camões, a exposição “Destino Camões: épico, lírico, universal”, no Museu das Comunicações, celebra a vida e obra do poeta através de uma viagem por selos, desenhos originais e outras peças filatélicas à guarda da Fundação Portuguesa das Comunicações.