Memórias de arquivo sobre a família Otelo Saraiva de Carvalho

O Dia Internacional dos Arquivos, destaca a importância dos arquivos na preservação da memória coletiva e na garantia da autenticidade e acessibilidade de documentos históricos, administrativos, científicos e culturais.

O Arquivo Histórico da Fundação Portuguesa das Comunicações (desde 1997), teve a sua origem na Administração Geral dos Correios, Telégrafos e Telefones, em 1950, com direção do investigador Godofredo Ferreira na preservação de documentos sobre a história das comunicações em Portugal.

Numa altura em que decorre no museu a exposição “Do cabo Zero à Liberdade”, alusiva aos 50 anos do 25 de Abril, voltámos novamente ao arquivo histórico da fundação, e lá encontrámos algumas curiosidades sobre a família de Otelo Saraiva de Carvalho, isto porque o avô paterno e o pai, ambos trabalharam nos correios.

Em 1909, o avô, Otelo Augusto Fernandes de Carvalho, foi admitido como aspirante auxiliar do quadro de Correios, na 4ª Secção Postal de Lisboa. Promovido a segundo aspirante foi transferido para os Transportes Postais, depois para as Encomendas Postais, e, já como 3º oficial, passou para a Fiscalização da Posta Interna.

Ao longo dos cerca de vinte anos nos correios, foram vários os períodos em que esteve de licença ilimitada, conforme descrito por Godofredo Ferreira, então Chefe de Repartição da Administração Geral dos CTT.

Desde os anos de estudante, a sua paixão era o teatro. Obteve 20 valores no curso tirado na Escola de Arte de Representar de Lisboa e destacou-se em várias peças. Participou pela primeira vez na peça da “Festa Artística do Ator”, no Teatro Avenida, a 11 de junho de 1914 (em “Funcionários dos CTT no Teatro. declamado e musicado”, de Godofredo Ferreira). Veio a falecer em 1930, ainda muito novo.

Seis anos mais tarde, viria a nascer Otelo Saraiva de Carvalho, em Lourenço Marques (Maputo), para onde a família se mudara por ocasião da promoção do pai, Eduardo Saraiva de Carvalho, para a 3ª Repartição dos Correios, na fiscalização dos Serviços Telegráfico, Radiotelegráfico e Telefónico.
Talvez porque a mãe adorava teatro, e tendo presente o exemplo do avô paterno, Otelo pretendesse igualmente seguir a carreira artística, mas a influência do seu avô materno foi mais forte e levou-o a ingressar no exército. Formou-se como cadete na então Escola do Exército, em Lisboa. Os pais permaneceram em Lourenço Marques.

Numa carta trocada com Godofredo Ferreira, grande amigo do seu avô Otelo, o seu pai agradecia as fotografias do avô numa peça de teatro, e também os muitos livros de investigação de Godofredo relacionados com a história dos correios, que tinha trazido consigo de Lisboa e que eram de uma enorme importância no desempenho do seu trabalho em Moçambique. “O Centenário da Reforma Postal de 1852”, era um deles, para além de tantas outras publicações sobre o setor.

Sobre estas e outras curiosidades, fica o convite para visitar o Arquivo Histórico da FPC (com marcação prévia) ou consultar o Catálogo Digital.