Jozé Diogo de Mascarenhas Neto nasceu no Algarve, a 18 de fevereiro de 1752 e formou-se em Direito na Universidade de Coimbra.
Em 1790 publicou o manual ” Método para Construir as Estradas em Portugal“, demonstrando um profundo conhecimento das vias de comunicação existentes no país e dos desenvolvimentos de construção de estradas em Inglaterra e França.
Definiu quatro categorias de estradas em função da afluência de transporte: estradas reais, estradas do comércio, estradas públicas e estradas de vizinhança. Conforme a natureza dos solos e o escoamento das águas pluviais, aplicava as técnicas de construção para uma maior ou menor inclinação das vias e das camadas de materiais necessárias.
Um ano mais tarde, arrancavam as obras de construção da estrada Lisboa-Coimbra, sob a responsabilidade de Mascarenhas Neto e a aplicação de um método moderno e organizado de gestão de recursos materiais e humanos.
Entretanto, com a passagem da exploração dos correios para o domínio do Estado em 1797, exigiam-se reformas para uma melhor cobertura do país e meios de transporte das correspondências mais eficazes.
O reconhecimento das qualidades reveladas por Mascarenhas Neto ao longo de 18 anos de carreira profissional terá sido decisivo para que, em janeiro de 1799, fosse nomeado para o primeiro cargo de Superintendente-Geral dos Correios e Postas do Reino.
No “Regulamento Provisional para o Novo Estabelecimento do Correio”, propunha as novas bases organizativas dos correios, fixando um conjunto de disposições relativas a pessoal e suas atribuições, horários, penalidades, fiscalização, entre outras medidas.
Com a construção de estradas no país foi possível desenvolver o serviço da mala-posta, o primeiro transporte terrestre de correio e passageiros. No documento “As instruções para o estabelecimento das diligências entre Lisboa e Coimbra”, Mascarenhas Neto definia as normas que regiam a carreira da carruagem numa distância de 200 km entre Lisboa e Coimbra.
Após a correspondência chegar ao Correio Geral da cidade, afixava-se uma lista com o nome das pessoas-destinatárias das cartas, e estas deslocavam-se para as levantar. Por vezes juntava-se um aglomerado grande de pessoas e o serviço tornava-se demorado.
Tendo em conta esta situação, Mascarenhas Neto promulgou a 7 de maio de 1800 a “Regulação para o Estabelecimento da Pequena Posta, Caixas e Portadores de Cartas em Lisboa”, em que se definia a distribuição domiciliária da correspondência em Lisboa.
A cidade era dividida em 17 distritos postais, com os nomes dos sítios, ruas, travessas e repartições públicas e o Superintendente Geral nomeava e responsabilizava um rapaz de cada distrito para a entrega domiciliária na sua zona postal.
Era igualmente estipulado que se colocassem caixas nos distritos para colocação das cartas a enviar, evitando, assim, a deslocação ao Correio Geral.
No entanto, só em 1821, após a instabilidade política e social causada pelas invasões napoleónicas, foi possível implementar a colocação das tabuletas com os nomes das ruas da cidade e os números de polícia, e pôr em prática as medidas do diploma.
Para saber mais sobre Jozé Diogo de Mascarenhas Neto visite a exposição “ Vencer a Distância”.