Connecting telégrafos, a invenção que ligou o mundo

Este mês, no projeto Connecting Stories, revelamos a importância da invenção do telégrafo na ligação entre países.

A utilização da eletricidade nos sistemas de comunicações revolucionou as telecomunicações do séc. XIX. Nos anos 40, Samuel Morse tornou-se mundialmente célebre pela invenção da telegrafia elétrica, que veio permitir a transmissão e receção instantâneas de mensagens escritas a longa distância.

Em Portugal, a política de desenvolvimento adotada em 1852 pelo Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria, António Fontes Pereira de Melo, foi fundamental na revolução dos sistemas de transportes e comunicações, com grande impacto na economia do país. A construção de estradas e caminhos-de-ferro avançavam a par e passo com o serviço de telegrafia.

À semelhança do que sucedia em outros países, a telegrafia entrava em Portugal pelas mãos dos militares – assistia-se a um secretismo das Forças Armadas, na introdução de novas tecnologias.

Em abril de 1855, o governo celebrava um contrato com a empresa francesa Bréguet para regulamentar a instalação das primeiras linhas telegráficas no país.

A 16 de setembro, inaugurava-se a rede telegráfica, com o primeiro troço de 32 km que ligavam Lisboa a Sintra. Um ano mais tarde passou-se para 677 km e para 1571 km no final de 1857. Em finais de 1863, a cobertura telegráfica estava grandemente expandida, chegando até Espanha. Nesta primeira fase, a exploração do serviço esteve confiada ao Ministério da Guerra, através do Corpo Telegráfico Militar. Posteriormente transitou para o foro civil e criou-se a Direção-Geral dos Telégrafos do Reino.

Rapidamente a telegrafia se desenvolveu e se tornou num sistema de comunicação de massas.

Em 1878, a Direção-Geral dos Telégrafos marcava a presença de Portugal na exposição Universal de Paris, com equipamentos de dois grandes telegrafistas, Cristiano Augusto Bramão e Maximiliano Augusto Herrmann. Foram grandemente elogiados pela maior parte de entidades e especialistas presentes, destacando-se as particularidades do telégrafo de Bramão. A Direção-Geral dos Telégrafos recebeu um “Diplome de Honour”, galardão semelhante ao alcançado por grandes nomes como Baudot, Bell e Edison.

A primeira ligação telegráfica na Eslovénia foi construída em 1847 na rota Viena-Graz-Maribor-Celje e alargada a Liubliana no ano seguinte. Em 1850, o jornal Notícias de Bleiweis declarou que nenhuma invenção recente era tão notável como esta, e que nenhuma era mais honrosa para a mente humana do que esta.

No início do século XX, cidades mais pequenas, longe dos caminhos-de-ferro, também adquiriram gabinetes de telégrafo, que foram fundidos com estações dos correios. A taxa de pagamento era baseada no número de cartas enviadas e na distância. Era cobrada uma taxa dupla para telegramas enviados durante a noite.

Em 1856, a invenção da máquina telegráfica pelo físico americano David Edward Hughes, que registava cartas e caracteres impressos, tornou a comunicação muito mais rápida. Um operador bem treinado podia transmitir 40 a 50 palavras por minuto utilizando o código Morse. Mais tarde, o sinal foi captado a partir de bips sucessivos vindos de um altifalante. Um operador radiotelegráfico treinado podia assim transmitir e receber manualmente 120 sinais por minuto.

A escrita à mão dos funcionários foi substituída por texto impresso em cassete, que os funcionários simplesmente arrancavam e colavam-se à remessa. Após o terramoto de 1895, a repartição de telégrafo de Liubliana recebeu duas novas máquinas telegráficas de tipo Hughes. Os telégrafos Hughes foram assim utilizados na Eslovénia desde o final do século XIX até 1940.

A mesa telegráfica Bréguet e o telégrafo de Hugues encontram-se na exposição permanente do Museu das Comunicações “Vencer a Distância – Cinco Séculos de Comunicações em Portugal”.

Foto: Telégrafo de Hugues ( à esquerda encontra-se o equipamento do acervo do Museu dos Correios e Telecomunicações da Eslovénia, à direita o equipamento usado em Portugal)