Uma das profissões mais documentadas e que ilustra a evolução das telecomunicações é a da telefonista. As mulheres que trabalhavam nas centrais telefónicas eram também conhecidas como “as meninas dos telefones”.
Em 1882, existiam cerca de nove telefonistas em Portugal. No início do século XX, já eram 15 telefonistas no Porto e 20 em Lisboa, com salários mensais entre os três e dez mil reis. Entre as dez e meia e as onze horas da manhã o número de chamadas chegava a atingir as 3595, o que dava uma média superior de dez chamadas por minuto e empregada. O serviço era assegurado 24h por dia. Das 20 às 6 horas da manhã, era realizado por homens, que desempenhavam outras atividades profissionais durante o dia.
Porém, nem todas as mulheres podiam ser admitidas para telefonistas, era-lhes exigido um conjunto de requisitos. Desde logo, tinham de ser jovens entre os 16 e 20 anos e solteiras, o que se justificava pelo trabalho aos fins de semana a que estavam sujeitas e que não era aceite no casamento. Tinham de ter no mínimo 1,50 de altura, ter boa audição, e, uma voz e dicção bem percetíveis. Após um exame médico exaustivo entravam na escola técnica para um curso de dois meses, onde aprendiam os códigos da telefonista e do sistema dos telefones, a manipulação de chamadas e os regulamentos da Companhia.
Quando no início da década 30 se deu o grande avanço tecnológico da automatização da rede telefónica a intervenção da telefonista foi perdendo importância e, gradualmente, as telefonistas transitaram para os serviços de informação e apoio ao cliente, sendo que algumas passaram a dar voz ao serviço de despertar, indicação das horas e previsão de meteorologia.
Na Eslovénia, a primeira central telefónica manual foi inaugurada no dia 16 de outubro de 1897, no Palácio dos Correios novo em Liubliana. Eram conectados nela 89 assinantes e uma cabine telefónica pública.
Depois da Segunda Guerra Mundial, começaram a formar os cegos e os deficientes visuais para o trabalho nas centrais telefónicas, primeiro nos cursos para telefonistas, mais tarde, em 1962, foi criada em Škofja Loka uma escola especial, chamada Escola para Telefonistas.
A modernização dos serviços telegráficos, a automatização gradual do tráfego telefónico e a predominância do uso das novas tecnologias também levaram ao declínio da profissão de telefonista e de telegrafista. Contudo, as centrais telefónicas manuais continuaram a ser usadas no território esloveno na segunda metade do século XX.
Até 1985, havia na Eslovénia oito centrais telefónicas manuais, incluídas na rede. A última central telefónica manual no país deixou de funcionar em setembro de 1987, na agência dos correios em Jakobski Dol em Slovenske gorice, de onde foi trazida para o Museu dos Correios e das Telecomunicações, parte do Museu Nacional da Técnica da Eslovénia.
No Museu das Comunicações também existe um núcleo expositivo dedicado às telefonistas onde se encontram centrais telefónicas manuais.
Créditos foto: 1891 – Telefonistas – Foto de Grupo – Arquivo iconográfico à guarda da FPC