A História das Comunicações é marcada pela experimentação, criação e registo de patentes de invenções. Um percurso muitas vezes memorável pelo empenho e talento de muitos dos seus inventores. Este mês, no projeto Connecting Stories, recuperamos a história de dois criadores pouco conhecidos.
Cada um no seu país procurou inovar e fazer diferente. Ambos não tiveram o reconhecimento merecido quer seja porque o seu mérito não foi valorizado pelos seus pares ou por falta de recursos para fazer o registo de patentes.
Esta é a história do telefone de mesa português, concebido por Cristiano Bramão e do telefone vermelho Iskra ETA 80, criado por Davorin Savnik, um designer esloveno que viu o seu telefone ser premiado, no entanto, veio mais tarde a ser reproduzido em massa, sem o devido respeito pelos seus direitos de autor. O telefone vermelho encontra-se exposto no Museu dos Correios e Telecomunicações da Eslovénia.
E foi aos 15 anos que Cristiano Augusto Bramão se alistou como voluntário no 2º Regimento de Artilharia e quatro anos mais tarde já como 2º Sargento pediu transferência para o Corpo Telegráfico. Em 1864 aquele organismo foi desmilitarizado e Bramão recebeu a categoria de telegrafista subalterno de 1ª classe, passando a telegrafista chefe de 2ª classe, e depois de promovido passou a telegrafista de 1ª classe.
Ao longo da sua carreira, nos documentos que dispomos, foi descrito como um empregado apto e inteligente nas várias tarefas que desempenhou, quer seja em experiências sobre eletricidade, aquisição de material telegráfico, entre outras. Foi durante este período que Bramão realizou muitas experiências e desenvolveu os seus equipamentos, tanto no campo da telegrafia como no da telefonia.
Alguns deles foram apresentados na Exposição Universal de Paris de 1878, em nome da Direção dos Telégrafos. Bramão apresentou na capital francesa três diferentes aparelhos telegráficos Bramão; criados conjuntamente com o seu construtor Maximiliano Augusto Herrmann. O enorme êxito da apresentação levou a ser reconhecido num Diploma de Honra atribuído à Direção Geral dos Telégrafos Portugueses, ao lado de nomes muito conhecidos como Baudot, Bell, Edison, entre tantos outros.
O contínuo trabalho de pesquisa de Bramão levou-o a criar dois telefones.
O telefone de mesa (kit de telefone mãos-livres) que permitia falar em alta voz. O primeiro telefone do mundo a apresentar o microfone e o auscultador incorporados numa só peça, uma forma cómoda, para ouvir e escrever em simultâneo, uma peça simples, fácil de afinar e de regular a intensidade de som.
Bramão inventou igualmente o telefone de pilhas e o auscultador, um acrescento que só veio a ser usado e produzido em escala já no século XX.
Apesar de Bramão ter conseguido melhorar o rendimento de equipamentos criados por outros inventores, o seu nome não se tornou internacionalmente conhecido porque as suas invenções não foram apresentadas em seu nome, ao que se supõe por falta de recursos e também por ter tido uma morte precoce.
Ao longo dos seus curtos 41 anos de vida, Bramão foi inventor de três aparelhos telegráficos, dois galvanómetros, uma mesa telegráfica, um telefone de mesa e um telefone de pilhas. Para saber mais e ver de perto alguns destes aparelhos visite a exposição “Vencer a Distância” no Museu das Comunicações.