A evolução dos meios de transporte sempre foi determinante para o desenvolvimento das comunicações. Em Portugal, no século XIX, a política adotada por Fontes Pereira de Melo na construção de novas estradas, veio permitir acelerar o serviço da mala-posta no transporte da correspondência e pessoas.
No entanto, a ligação da capital às principais cidades do Norte mantinha-se muito lenta e excessivamente dispendiosa. Era cada vez mais importante seguir os progressos que a Europa estava a viver com a introdução da locomotiva a vapor.
O desenvolvimento do caminho de ferro iria trazer ao país uma maior facilidade e rapidez no transporte da correspondência, bem como uma redução acentuada nos custos envolvidos, tornando a comunicação entre as populações mais acessível.
A 28 de outubro de 1856 inaugurava a linha férrea em Portugal, com um troço que ligava Lisboa ao Carregado. Logo no dia seguinte, a Sub-Inspeção-Geral de Correios e Postas do Reino colocava no caminho-de-ferro as primeiras malas postais – cumprindo-se o contrato estabelecido entre o governo e a Companhia Real dos Caminhos de Ferro que impunha o transporte, gratuito e em boas condições, das malas do correio e seus condutores em vagões, nos comboios de maior velocidade. Dava-se, assim, o início de uma modernização relevante no serviço postal.
Mais tarde, com a aprovação do estabelecimento de estações postais ambulantes nos caminhos de ferro, a Sub-Inspeção-Geral negociou com a Alemanha a compra de oito carruagens “ambulâncias postais”.
Os vagões de correio eram atrelados às restantes carruagens do comboio e funcionavam como estações de correio itinerárias. Funcionários dos correios devidamente formados eram responsáveis pelo tratamento postal desenvolvido ao longo dos percursos, permitindo a divisão das cartas por destino e a recolha de correspondência em caixas nas paragens das estações das linhas férreas. O tratamento da correspondência era feito em cabines especiais e sem interrupções, obrigando os funcionários a trabalhar dia e noite.
Com exceção do período 1869-1875, em que a crise vivida no país obrigou a suprimir as estações postais ambulantes, a sua atividade esteve em pleno até 1990 altura em que foram substituídas pelo transporte rodoviário.
Na Eslovénia, o Museu dos Correios e das Telecomunicações apresenta a história do primeiro caminho de ferro que foi construído a partir de Graz, via Maribor, para Celje (1846), Liubliana (1849) e Trieste (1857). Já em 1857, o primeiro correio ambulante na Eslovénia foi introduzido nesta linha num comboio de passageiros.
No início, eram utilizados vagões simples para os correios ambulantes, mas em 1858, devido ao aumento do tráfego, os Correios introduziram os vagões Pullman de quatro eixos. A primeira parte da carruagem era utilizada para guardar as encomendas e os sacos, a segunda para as cartas e uma área de trabalho para o pessoal de correios e para a distribuição do correio.
Um regulamento especial especificava exatamente o aspeto que um vagão postal devia ter. Tinha de ser verde, com guarnições e acessórios em esmalte preto e um teto cinzento. Por exemplo, até a cor dos letreiros, a tonalidade das paredes do armazém e até a casa de banho foram especificadas. O mobiliário interior devia ser em ocre, feito de madeira de carvalho.
No início da década de 1920, existiam na Eslovénia 20 estações postais itinerantes e, com o aumento do tráfego de encomendas no final da década de 1920, foram introduzidas ambulâncias especiais para encomendas. Nos anos 50, o correio era transportado em 41 vagões, 18 carrinhas, 269 carrinhos de mão e 189 bicicletas, bem como em 83 carreiras de autocarros.
As estações postais itinerantes começaram a ser suprimidas nos anos 60 na então Jugoslávia e, em 1962, existiam apenas sete. No final da década de 1980, apenas quatro estações postais ambulantes continuavam a funcionar nas rotas Liubliana – Zagreb e Liubliana – Belgrado. O último posto de correio ambulante Ljubljana-Zagreb com trabalhadores dos correios foi inaugurado a 28 de agosto de 1991, embora os comboios sem pessoal tenham continuado a transportar encomendas nesta rota até 1996.
Na visita à exposição ” Vencer a Distância – Cinco Séculos de Comunicações em Portugal” pode entrar numa ambulância postal e ver como era organizado o correio na carruagem.