Antes do surgimento do comboio, o transporte do correio era feito por carruagens que circulavam pelos principais itinerários para garantir a entrega de correspondência com alguma regularidade. Na Europa, o uso deste meio de transporte foi sendo adotado em cada país à medida que a rede de estradas foi constituída e melhorada, já que as viagens de carruagem dependiam da existência de boas vias de circulação.
Em finais do século XVIII, Portugal tinha uma rede viária ainda muito deficitária, refletindo um grande atraso face a outros países europeus, em que os correios a pé ou a cavalo tinham já dado lugar à carruagem, denominada por mala-posta.
Assim, em 1797, deu-se a extinção do Ofício do Correio-Mor, que tinha estado na posse da Família Gomes da Mata durante quase dois séculos. O Estado assumiu a exploração do serviço dos correios e de imediato procedeu a remodelações e modernizações, para responder às necessidades mais exigentes da população, com interesses económicos e culturais diferentes.
Para o cargo de Superintendente Geral dos Correios e Postas do Reino foi nomeado José Diogo Mascarenhas Neto, tornando-se o responsável pelo serviço da Mala-Posta e o autor de “Methodo para construir as Estradas de Portugal” e “Instruções para o estabelecimento das diligências entre Lisboa e Coimbra”.
Em 1804, o percurso da mala-posta de Lisboa a Coimbra demorava cerca de 40 h e era assegurado 3 vezes por semana. As diligências partiam de Lisboa e Coimbra, rigorosamente à mesma hora, e encontravam-se a meio do percurso, onde os passageiros pernoitavam e se tratavam dos cavalos e afins. Na manhã seguinte seguiam os seus destinos. As instalações eram simples estações de muda, assinaladas com as armas reais.
Passados apenas 6 anos de exploração, o serviço da mala-posta foi suspenso, devendo-se principalmente ao facto de ser extremamente dispendioso, não trazendo lucros aos cofres do reino. O transporte de pessoas e mercadorias voltou a ser assegurado apenas pela via marítima.
Só a partir de 1852, o serviço foi eficazmente retomado, com António Fontes Pereira de Melo à frente do Ministério das Obras Públicas. A construção de muitos quilómetros de novas estradas (utilizando o método “Mac Adam” com pedras pequenas e saibro), permitiu ligar a capital à segunda grande cidade portuguesa, o Porto.
A ligação de Lisboa a Coimbra passou a ser mais célere, de 40h passou a 23 h. O trajeto Lisboa – Porto demorava cerca de 34 horas. Vinte e três estações de muda distribuíam-se pelo país, caracterizadas por um estilo arquitetónico simples que as tipificou.
A rainha D. Maria II e a família real foram das primeiras pessoas a viajar na mala-posta quando, numa visita ao Porto, aproveitaram para se deslocar a outras cidades do norte do país. E foi em 1871 que a última carruagem da mala-posta circulou no percurso Porto-Braga-Guimarães. Nos anos seguintes, o correio passou a ser distribuído pelo comboio.
Na Eslovénia o serviço postal inicia a entrega de correspondência em carruagens em 1750. Duas vezes por semana o correio fazia o percurso Graz – Maribor – Slovenska Bistrica – Konjice – Celje – Vransko – Podpeč – Ljubljana – Trieste.
Durante o século XIX, o aumento do tráfego nas estradas provocou inúmeras dificuldades ao serviço de entrega de cartas que tinha de ser feito durante o dia, já que as vias estavam desorganizadas, em más condições e eram um alvo fácil para ladrões e saltimbancos.
Esta situação levou a que os passageiros apresentassem frequentes queixas, no livro de reclamações e o papel do postilhão estivesse sempre a ser alvo de críticas já que tinha a responsabilidade de garantir a segurança e conforto das viagens.
Visite o núcleo expositivo da mala-posta no Museu das Comunicações onde pode ver uma carruagem do século XIX e aprender como funcionava a estação de muda.