Connecting Stories – a corneta nos primórdios dos correios

Conheça as histórias partilhadas dos correios e telecomunicações de Portugal e da Eslovénia. Este mês destacamos a corneta, uma peça icónica presente em ambos os museus.

O uso da corneta pelos serviços postais acompanha a História da Europa e está documentado desde o século XVI. O mensageiro que usava a corneta era chamado de postilhão, uma figura emblemática que fazia a entrega de cartas nos castelos, quintas ou localidades onde o correio era esperado. Na exposição permanente “ Vencer a Distância” pode ver de perto a corneta e uma imagem do postilhão.

Em Portugal o postilhão é representado a cavalo, com uma trombeta, uma corneta ou ainda uma buzina na mão. O instrumento servia igualmente para dar sinal de despedida, quando partia para o próximo destino. A figura do mensageiro do correio com uma corneta rapidamente passou a ser confundida com a própria atividade. Quando se ouvia a corneta logo se dizia “vem aí o correio”. Talvez seja por isso que passou dos tempos antigos para os modernos e em muitos países do mundo se tornou a “marca” mais visível do serviço postal.

Nos escritos de Fernão Lopes – Crónica de D. João I (1450) encontramos o mais antigo registo do trabalho do postilhão em Lisboa:

“E sendo terça-feira e muita gente estivesse à tarde na Sé (de Lisboa) para rezar a salve Rainha, como de costume, chegou (cavalgando) um moço João Martins Cozinho, morador em Alenquer, que fez saber aos da cidade que tomassem mui grande prazer. Porque ficavam certos que el-Rei seu senhor houvera batalhar com el-Rei de Castela e o desbaratara e vencera em campo.”

Durante a monarquia, o logotipo oficial dos correios portugueses era o brasão da coroa. Já com a República, em 1936, passou a ser a esfera armilar, encimada por um escudo com as quinas, atravessado por um raio, que significava as telecomunicações.

O “mensageiro a cavalo” que sopra na corneta de cano direito data de 1953 e teve várias adaptações – 1964, 1993, 2004 e 2015 – até chegar à imagem que usamos hoje. Por norma, a “trombeta” ou “corneta” pode ser um instrumento de cano direito ou curvado. Porventura por maior familiaridade de uso, em Portugal o “postilhão” aparece com a “corneta militar”, de cano mais direito, à moda inglesa, enquanto noutros países como na Eslovénia o instrumento de eleição é a “corneta enrolada”.

Na Eslovénia o sistema de entrega postal a cavalo, feito pelo postilhão, é introduzido no século XVII. Exibido no Museu dos Correios e Telecomunicações de Polhov Gradec, o chifre de correio de latão com cordão decorativo com borlas foi propriedade da família Tomšič, arrendatária do correio local, por muitos anos.

Em meados do século XIX, a atividade dos correios aumentou substancialmente e a administração postal procedeu a uma reforma, introduzindo várias novidades, como selos, vales postais, postais, postais ilustrados, etc. Nas grandes cidades, empregavam funcionários públicos, enquanto nas localidades eram contratados e arrendados pelo Estado. Na época, uma estação de correios era um contribuinte significativo para o desenvolvimento do lugar.

O estabelecimento de uma estação de correios em Polhov Gradec foi obra de várias pessoas locais proeminentes, incluindo o presidente da câmara Janez Tomšič, que alugou os serviços postais locais em 1869. Para o efeito comprou uma égua velha e uma carruagem para transportar correio para Ljubljana e vice-versa. O desempenho e consequentemente as receitas dependiam do volume de negócios. No entanto, os itens eram em número muito pequeno, e Tomšič costumava escrever uma carta para que a carruagem não partisse para Ljubljana vazia. Após a sua morte, a sua mulher interveio por um tempo e depois a sua filha.

Em 1892, o comissário sénior da Direção Postal em Trieste concluiu que a agência postal de Polhov Gradec era extremamente pequena e reduziu o número de viagens. A última carruagem do correio atendida por um postilhão dirigiu-se a Ljubljana no final da década de 1920.