As comunicações pós-revolução de 1974

A descolonização e a democratização de Portugal trouxeram mudanças significativas ao setor das comunicações.

Após a extinção do Ministério das Comunicações, o setor passou a ser gerido pelo Ministério do Equipamento Social e do Ambiente. As telecomunicações e correios ganharam destaque na modernização da sociedade portuguesa, acompanhando o desenvolvimento global em áreas como satélites, informática, digitalização e fibra ótica. A transformação das comunicações permitiu aumentar o tráfego de redes e reduzir o défice do país.

Entretanto, as condições de trabalho nas comunicações pioraram, levando a reivindicações por melhores salários, horários, condições de trabalho e progressão de carreira. As greves intensificaram-se, com os trabalhadores exigindo condições equivalentes a outros sectores. Em resposta, formaram-se sindicatos que pressionavam por mudanças na gestão, levando à substituição do Correio-Mor por um conselho de gerência composto por oficiais do exército que tinham por missão assegurar a administração da empresa.

A evolução tecnológica avançava tanto no setor postal quanto nas telecomunicações. A rádio, que teve um papel crucial na Revolução do 25 de Abril, foi nacionalizada em 1975, constituindo-se a empresa pública de radiodifusão. Por mais de uma década, Portugal contou com apenas duas rádios nacionais.

Em 1976, o telex ligou o Continente à Madeira, e no final de 1977, havia cerca de 36 telefones por 100 habitantes no país. Os correios implementaram com sucesso o código postal de quatro dígitos e a mecanização postal.

A reestruturação da empresa trouxe independência das atividades, descentralização e regionalização. Priorizaram-se a qualidade dos serviços e a valorização profissional, com remuneração ligada à produtividade.

O Conselho de Administração dos CTT/TLP nomeou diretores para diferentes áreas. A fusão dos cerca de 40 mil funcionários, exigiu um esforço jurídico e social significativo. Um dos objetivos de gestão era criar uma imagem de serviço público mais moderna, dinâmica e inovadora.

Foi criado o Conselho Nacional de Telecomunicações, subordinado ao primeiro-ministro, para coordenar os organismos de redes, como os CTT/TLP e a CPRM, visando automatizar e melhorar a qualidade do serviço telefónico e reduzir a lista de espera para postos telefónicos e telex. A indústria de telecomunicações avançou, popularizando equipamentos normalizados e aumentando a segurança.

Nos anos 80, a modernização dos CTT/TLP focou-se na digitalização, facilitando as ligações diretas com a Europa, reduzindo a necessidade de mão-de-obra e aumentando a formação especializada. A mentalidade empresarial consolidou-se, com aumento de receitas e maior atenção do governo às privatizações na Europa.

Os CTT e os TLP tornaram-se sociedades anónimas, quebrando o monopólio estatal, e debatendo questões sobre liberalização versus privatização.

Em 1985, instalou-se o primeiro-cabo de fibra ótica e, cinco anos depois, a internet chegou a Portugal. Também houve avanços no transporte rodoviário de correspondência e informatização dos correios.

A revisão legislativa em 1989 criou o Instituto das Comunicações de Portugal (ICP) para regular o setor das comunicações.

Nos anos 90, as redes telefónicas eram totalmente digitalizadas em Lisboa e Porto, as “rádios piratas” foram licenciadas como rádios locais e surgiu o serviço de videoconferência. Em 1992, ocorreu a separação entre os setores de correios e telecomunicações.

Saiba mais sobre este periodo da História das Comunicações na exposição Do Cabo Zero à Liberdade.