A Família Mata e o Correio-Mor

De 1606 a 1797 a família Gomes da Mata foi responsável pelo desenvolvimento dos correios em Portugal, um monopólio dinástico que durou quase duzentos anos. O ofício de “Correio-mor das Cartas do Mar” foi vendido ao marquês Luís Gomes da Mata pelo rei Filipe II de Espanha. A partir de então, a exploração dos correios tornou-se hereditária.

Luís Gomes de Elvas Coronel, como se chamava antes de se tornar fidalgo, era descendente direto de um banqueiro de Castela que fora apadrinhado pelos Reis Católicos. Era um dos homens mais abastados de Lisboa.

Conhecedor da debilidade das finanças do reino e da necessidade de D. Filipe II em fazer face aos dispendiosos preparativos da “Armada Invencível”, Gomes da Mata propôs-se comprar a exploração dos correios por 70 mil cruzados. Ao rei interessava a ligação a esta família de Castela e a liquidação da dívida de 30.000 cruzados que lhes devia.

O serviço de correios era usado quase em exclusivo pela coroa, a nobreza e os homens de negócios, que recebiam a correspondência entregue por mensageiros, a pé ou a cavalo. As viagens eram demoradas e incertas, devido às más condições climáticas e às estradas rudimentares. Por exemplo, o percurso de Lisboa a Braga demorava no mínimo sete dias.

Em 1797, decorridos quase dois séculos, uma nova conjuntura social portuguesa surgia, com mais utilizadores do serviço postal atentos e críticos sobre a qualidade do mesmo que impunha rápidas melhorias e a modernização da atividade, como ia acontecendo no resto da Europa.

Face a esta situação, a rainha D. Maria I decidiu incorporar o ofício na coroa, torná-lo mais eficiente de gestão pública, acessível a mais pessoas. Deu-se então o fim da atividade postal do correio-mor e a família Mata foi recompensada com o título “Condes de Penafiel”.

A história da família Mata nos correios está presenta na exposição “Vencer a Distância”, nos documentos, objetos e vestuário aí presentes que revelam o constante investimento na melhoria dos meios e modos de entrega de correspondência, de 1520 até à atualidade.

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