No dia 1 de agosto de 1935, a Emissora Nacional (EN) iniciou as suas emissões oficiais em Portugal. Um feito histórico que muito deve a Marconi.
O século XIX marca o início do desenvolvimento das telecomunicações. A invenção do telégrafo e mais tarde do telefone, revolucionaram a vida das pessoas, com a possibilidade de enviar mensagens a longa distância, usando a eletricidade.
O caminho estava aberto para o progresso no desenvolvimento de novos meios de comunicação. A qualidade da receção das mensagens era cada vez melhor, apesar de persistir um impasse, a dependência de um par de fios elétricos.
Foi neste ambiente experimental que Guglielmo Marconi, nascido a 1874 em Bolonha, estudou a forma de enviar mensagens sem usar fios condutores. O físico Clerk Maxwell tinha já enunciado e resolvido as equações da propagação das ondas eletromagnéticas, e Heinrich Hertz demonstrado a existência da propagação dessas ondas e a possibilidade de serem refletidas, polarizadas e sujeitas a interferências.
Em 1895, Marconi, com apenas 21 anos, foi mais além e realizou as primeiras experiências consideradas consistentes na propagação das ondas eletromagnéticas, apercebendo-se de que quanto maior fosse a antena maior era a cobertura, e, conseguiu fazer transmissões a uma distância incrível de dois quilómetros.
Um ano mais tarde, registou um conjunto de patentes em Inglaterra, e em pouco tempo o alcance das ondas chegaram a vinte quilómetros. Criou-se então a Marconi´s WirelessTelegraph Signal Company, e estabeleceu-se a primeira ligação TSF (Telegrafia Sem Fios) entre França e Inglaterra, numa distância de 46 Km.
Em 1901, realizou-se a transmissão entre a Terra Nova e a Cornualha, a primeira comunicação transatlântica. O envio de uma mensagem via hertziana passou a ser uma realidade para todos.
Também Portugal se interessou desde logo por esta tecnologia que possibilitava estabelecer comunicações telegráficas e telefónicas via rádio, e a atenção focou-se em particular nas ligações com as ilhas da Madeira e Açores. Em pouco tempo avançou-se para a transmissão via rádio, de música e voz.
Em 1924, foi criado o primeiro posto emissor que assinalou o aparecimento da atividade radiofónica regular em Portugal com Abílio Nunes dos Santos e a sua “Rádio Lisboa”.
Progressivamente, na década de 20, foi-se concretizando a instituição pública de radiodifusão ( Decreto nº 17.899, de 29 de janeiro de 1930). Foi igualmente criado um Conselho de Radioeletricidade para gerir a atribuição das concessões e preparar a criação de uma estação oficial, ficando o governo autorizado a criar duas estações emissoras e uma transmissora.
Três anos mais tarde, o Ministro das Obras Públicas e Comunicações, Duarte Pacheco, consagrou o sistema misto, em que o espaço radiofónico permanecia monopólio do Estado mas era partilhado entre uma emissora estatal e rádios privadas, e controlado através de um sistema de taxas e de limitações ao uso da publicidade. Estabeleceu-se a construção de dois emissores em Lisboa (um de onda média e outro de onda curta) e de um retransmissor no Porto, bem como a restruturação do Conselho de Radioeletricidade que passou a denominar-se como Direção dos Serviços Radioelétricos.
A intenção de criar um emissor de onda curta já tinha na sua génese a criação da Emissora Nacional (EN), criada com o objetivo de transmitir para os países de emigração portuguesa, como o Brasil e os Estados Unidos.
O emissor de onda média foi o primeiro a ser montado num edifício em Barcarena. Numa residência na Rua do Quelhas, em Lisboa, instalou-se a sede da EN e três estúdios de gravação. No dia 1 de agosto de 1935, a Emissora iniciou as suas emissões oficiais.
Fotografia: Emissora Nacional, estúdio B. Arquivo iconográfico à guarda da Fundação Portuguesa das Comunicações.