A criptografia e a privacidade de dados

Hoje celebra-se o Dia Internacional da Privacidade de Dados, uma data para relembrar a importância da proteção de dados pessoais, as suas origens e o seu impacto nas comunicações.

A proteção de dados surge da necessidade de proteger informações valiosas, com o intuito de torná-las impercetíveis a terceiros. Ao longo dos tempos, o uso da criptografia tem sido fundamental para a criação das ferramentas que hoje nos permitem proteger os nossos dados.

Já nos anos 500 a.C., os hebreus utilizavam a cifra de substituição simples e com ela escreveram o Livro de Jeremias, assim como o chamado “Codificador de Júlio César” que substituía as letras do alfabeto avançando três casas, enganando, assim, os inimigos do Império Romano.

Durante séculos de história, um conjunto de métodos de substituição e transposição dos caracteres de uma mensagem foram manualmente executados pelo emissor da mensagem. Com o aparecimento de máquinas especializadas e, posteriormente, dos computadores, houve uma significativa evolução das técnicas criptográficas.

Nas comunicações feitas através de dispositivos eletrónicos, o método mais utilizado tem sido o das “chaves criptográficas”, em que conjuntos de algoritmos codificam uma mensagem publicamente legível num texto cifrado, ou seja, composto por valores secretos que só podem ser decifrados com o código de acesso correto.

A história da criptografia do século XX ficou estreitamente associada às cifras utilizadas pelas tropas alemãs durante a II Guerra Mundial. Era uma estratégia crucial para que a ordem de ataque ou movimentação das tropas não fosse intercetada pelos inimigos, e a informação fosse mantida em segredo. Os alemães destacaram-se nesta técnica ao desenvolverem a “Enigma”, máquina de rotores colocados em paralelo e numerados, em que cada rotor fazia a substituição de uma letra por outra.

Na exposição “Vencer a Distância” do Museu das Comunicações, o público pode visitar um núcleo alusivo a esta temática, onde existem máquinas de criptografia dos anos, 1930 e 1950 cedidas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e que foram fundamentais para a diplomacia da época.

Na atualidade, onde grande parte dos dados é digital, o processo de criptografia é feito por algoritmos que fazem o embaralhamento dos bits de dados a partir de uma determinada chave ou par de chaves.

A criptografia é amplamente utilizada nos sistemas de segurança da internet, tais como nos sistemas de autenticação para dar acesso a conteúdos e serviços, na proteção de transações financeiras e em redes de comunicação. Um trabalho feito pela engenharia informática e que deve ser complementado pelos utilizadores através da execução de boas práticas no uso da internet. Um exercício fundamental para preservarmos a privacidade e segurança de todos.

Créditos: Fotografia de Ana Ferreira | FPC | Máquina de Criptografia Hagelin C-52 – 1950. Pequena máquina mecânica de criptografia com sistema de rotores, desenvolvida por Boris Hagelin.