1ª linha telefónica que liga Lisboa e Porto

A 11 de abril de 1904 a Direção-Geral dos Correios e Telégrafos inaugurava a linha telefónica interurbana que ligava Lisboa e Porto.

Numa distância de 350 quilómetros, 4550 postos de pinho sulfatado com travessas de madeira que suportavam os fios telefónicos eram montados por uma equipa de 22 guarda-fios, chefiados por um oficial dos telégrafos.

Foi, sem dúvida, uma exigente e muito dispendiosa obra de engenharia.

O investimento na formação profissional e a reforma de serviços do Estado em muito contribuíram para o seu sucesso.

Enquanto isso, nas redes urbanas de Lisboa e Porto a Anglo-Portuguese Telephone Company (APT) investia grandemente em novas centrais telefónicas, aliviando a carga de algumas centrais que já tinham esgotado a sua capacidade máxima. A estrutura da rede tornava-se mais complexa ao mesmo tempo que eram exigidos maiores padrões de qualidade do serviço prestado.

Os usos e costumes das pessoas iam-se alterando e modernizando, em parte por influência da imprensa que anunciava a ideia de que comunicar pelo telefone era chique, prático e económico.

Assim, as comunicações via telegrafo foram sendo substituídas pelo telefone, o meio por excelência da comunicação à distância.

A existência de uma só linha entre Lisboa e Porto exigia uma eficaz organização dos serviços – as comunicações do rei e dos ministros tinham prioridade face a todas as outras chamadas.

A unidade de tempo por chamada era de três minutos, sendo a comunicação desligada após esse tempo por haver outras chamadas em lista. A taxa por período custava 500 reis.

Noa primeiros tempos, a utilização do telefone tinha um caráter funcional, sendo essencialmente utilizado pelos serviços de comércio e indústria. Do total de assinantes, 70% estavam ligados a serviços públicos e 30% a residências.

Apesar dos preços de instalação de um telefone e a anuidade paga serem muitíssimo altos, a qualidade do serviço prestado nem sempre era boa e as queixas faziam-se soar nos media, com reclamações sobre a demora na obtenção de ligação e frequentes cortes nas chamadas.

Com o avanço da tecnologia a qualidade do serviço foi melhorando e o setor crescendo até aos difíceis tempos da grande guerra de 1914-18.